O Fascínio não está ligado aos personagens encarnados na TV ou no cinema, mas sim na figura do ídolo. Sendo assim, nada impede que um ator ou uma atriz ruim exerça tal fascínio sobre o fã. Basta ter carisma e domínio suficiente para seduzir a câmera e por conseqüência o público.
As estrelas são prisioneiras de suas glórias, pois encarnam tudo aquilo que o público médio tem vontade, mas não coragem, de vivenciar. Quando a estrela tenta se livrar de uma imagem pré-concebida é logo esquecida pela audiência. Deste modo, algumas estrelas se aprisionam num ciclo de estar sempre alimentando o desejo alheio. Visitas ao cirurgião plástico, são práticas constantes, para que nunca decepcionem.
A massa tende a não acreditar na morte dos ídolos. Nestes casos, a racionalidade é burlada, dando lugar à emotividade. Por outro lado, diferente do Cinema, a TV não sofre com isto, pois se uma estrela morre ou deixa de seduzir é imediatamente substituída.
O sedutor exerce um tipo de “vampirismo”, pois ele seduz e se apodera do seduzido, que passa a viver em função do seu ídolo, de seu modo de pensar, do estilo de roupa que veste, dos lugares que freqüenta... A partir desta premissa a televisão é o veículo responsável pela criação e propagação de moda. Tanto a TV quanto o cinema induzem ao mimetismo, ou seja, o público que tenta imitar o modelo que assiste. Ironicamente, é um recurso utilizado pelo astro para se individualizar, no entanto, acaba sendo imitado pelo fã.
As séries de televisão podem também funcionar como estrela, pois elas operam do mesmo modo que o mito ao preencher as expectativas do grande público, além de impor um modelo de vida. A série se torna estrela quando se encaixa junto ao gosto dos telespectadores.
As estrelas são sempre publicitárias, objetos do consumo, enfim, um produto em potencial, pois por meio delas cria-se a sensação de que copiando suas características externas, copiam-se também as internas. Há inversão de valores também. Pode-se encontrar negros torcendo pelo herói que castiga escravos ou ricos que se emocionam com a solidão de um vagabundo.
ESTEREÓTIPO COMO INVERSÃO DA SEDUÇÃO
Os estereótipos são representações sociais que tendem transformar o complexo em algo simplório, focando apenas uma característica. São representações sociais porque é uma visão compartilhada que um coletivo social possui sobre outro coletivo social. Neste sentido o estereótipo é o contrário de sedução. Assemelha-se à sedução, pois seleciona apenas uma dimensão da realidade (no caso, negativa). O receptor transforma então a parte negativa como o todo.
Os estereótipos são uma redução da realidade para facilitar a interpretação, diminuindo a complexidade e a ambigüidade dos fatos perante o receptor. Este recorte varia de acordo com os interesses do emissor. Facilita o envolvimento emocional, mas quando se transforma em uma crença generalizada e equivocada em relação a um determinado grupo, torna-se um ato de preconceito.
Estereótipo é passivo de mudança, no entanto a TV contribui intencionalmente com concepções deturpadas da realidade que vão se solidificando na visão do receptor. Quem vê muita televisão tende a ver o mundo como perigoso, a ser menos confiante e a superestimar a maldade.
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