sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Moda: uma questão de economia, personalidade ou futilidade?! (por Raphael Paradella)



Dizem que a arte é a expressão dos sentimentos do artista. Sendo assim, por que considerar a moda como futilidade, se a forma de se vestir e de se comportar é uma manifestação particular que identifica o indivíduos como integrante de uma certa época, de um certo grupo social, de uma certa profissão, dentre outras particularidades. Se fosse assim, qualquer tipo de manifestação cultural seria considerada como algo sem grandes valores. "Se uma pessoa quer saber a identidade de um povo, pode notar seus costumes, roupas e sua comida. A moda define a identidade de um povo", afirmou o estilista brasileiro Ronaldo Fraga, formado em estilismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-graduado em renomadas escolas de moda de Londres e Nova York.


Os Homens a princípio se cobriam com peles e folhas para se protegerem do clima, e com o decorrer do tempo essa proteção foi se tornando cada vez mais sinônimo de poder e status, assim como meio de comunicação do indivíduo com o mundo. Na época Bizantina, por exemplo, dava-se valor às roupas na cor roxa, pois estas derivavam de um pigmento muito raro que só a nobreza tinha condições em adquirir. Já os mais pobres usavam roupas na cor azul, feita com úréia, por isso era de fácil acesso. Nos dias atuais, a roupa muitas vezes ainda está associada pradigma de status, mas o mercado atual da moda prova que cada vez mais as pessoas têm a liberdade de escolherem o que mais combina com seu estilo, independente de classe social. Os exageros atingem muita gente que gasta riquezas como objetivo de "estar bem vestida", quando na verdade, vestir-se bem dispensa quantias fabulosas. Afinal, quem nunca se pegou revirando os baús dos avós, ou até mesmo em brechós, procurando assessorios que podem ser adaptados à sua identidade visual?!


A moda hoje é despadronizada (diferente da produção em massa da década de 50) e oferece através de um amplo leque de modelos e versões, infinitas escolhas que nos possibilitam retirar elementos de um determinado "modelo" e encorporá-los em nossa própria natureza. Resumindo, o império da moda, caminha pra longe da uniformização dos comportamentos e ao lado da personalização dos indivíduos.



Uma questão de cultura


Na forma de vestir é que ficam claros os estilos, as etnias, personalidades, modo de pensar e viver. As roupas também serviram, durante anos, como esteriorização do viver de cada um, por exemplo, na década de 60 e 70 os hippies transmitiam toda a paz e amor por cores alegres e estampas floridas, demonstrando sensibilidade, romantismo, descontração e bom humor. A arte e técnica do vestuário foi aperfeiçoada com o tempo, fazendo com que o mercado de trabalho se tornasse cada vez mais amplo, dando oportunidade de emprego a milhares de pessoas nesse setor e movimentando a economia mudial.

Está mais do que na hora das pessoas entenderem que um setor que movimenta milhões, em qualquer unidade monetária, e que cresce cada vez mais em proporções internacionais, não pode ser denominado banal. A indústria da moda inclui, mais do que meninas bonitas e anoréxicas servindo de cabide, mas sim uma grande diversidade de atividades econômicas, que vai da criação de modelos de roupa (design de moda) personalizados ou produção de vestuário em série, até programadores visuais e especilistas de marketing. Nas modernas sociedades consumistas, em que vivemos atualmente, esta indústria constitui um fenômeno complexo e de grande importância, tanto a nível da psicologia social como a nível econômico.


A moda é um segmento em ascenção, como o exemplo do mercado nacional. Com as mudanças nas leis de importação/exportação, o Brasil teve seus maquinários da industria têxtil, bem como de outros setores, totalmente reformados para atender à demanda. As marcas e estilistas ganharam espaço na mídia quando o consagrado São Paulo Fashion Week têm os desfiles transmitidos ao vivo pelos canais de TV a Cabo e pela internet, além de ser destaque em revistas e jornais. "A moda gera empregos, movimenta mercados e revela profissionais. Nos últimos seis anos o Brasil firmou sua identidade na moda e as pessoas passaram a notar que ela pode e deve ser aprendida na escola, como uma formação superior", confirmou Ronaldo Fraga em sua aula inaugural do curso superior de moda da Centro Universitário Jaraguá do Sul (Unerj). Isto, inclui todo tipo de profissional que de alguma forma está envolvido no mundinho fashion, que de pequeno e restrito não tem nada.


Além disso, o setor "modelístico" se enquadra perfeitamente nos padrões de vida de uma sociedade de consumo como a nossa, afinal o que são os desfiles de moda, se não uma belíssima jogada de marketing. Não é exagero, pois cada assessório apresentado está munido de todo um simbolismo, dado pela ambientação do local, estilo musical, cores e formas, visando atender os desejos do público alvo. Isso se reflete também nas vitrines de shoppings, nos catálogos, nas revistas, nos outdoors etc. A moda funciona como um veículo de comunicação tão poderoso, que é capaz até mesmo de realizar campanhas solidárias, como as camisetas do câncer de mama, e em alguns casos arrecadar mais do que, por exemplo, um show beneficente.

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