quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Férias... (por Luiz Otávio Tal)
Depois de tanto tempo digerindo sapos e fazendo vista grossa para tantas coisas, é chegado o momento do descanso. Pelos próximos 15 dias o blog ficará sem minhas postagens. Estarei refugiado neste pequeno paraíso incrustado em terras brazucas. Até lá aguardo e-mails e comentários com sugestões e críticas. Bom Carnaval a todos!!!
Pão e Circo Para as Massas (por Luiz Otávio Tal)
Nestes termos, a mentalidade da massa hoje não é muito diferente daquela massa da antiguidade. O país atualmente enfrenta crises políticas, num tempo em que a população deveria aproveitar para extrair todo conhecimento político necessário para tentar coibir, futuramente, novas decepções e assim passar efetivamente a construir uma cultura, indo fundo nos reais problemas e não se deixar enganar pela memória fraca. No entanto, a grande maioria da população encara as crises como shows, ajudada pela espetacularização da mídia, que transforma toda a CPI em um grande programa de TV. Hoje canais como TV Senado têm sua audiência garantida, graças aos contornos circenses. As pessoas acompanham a CPI como uma espécie de novela na qual o próximo capítulo irá revelar o vilão.
Na questão política a futilidade é até mais amena. O que de fato atrai mesmo a audiência é a possibilidade de tornar-se celebridade de um dia para outro, é a febre dos realities shows e revistas de fofocas. É por isto que atualmente esta tão evidente esta política do pão e circo. Hoje, ao invés de batalhas entre gladiadores, temos a briga pelos
A conscientização para a mudança deve partir da massa, pois sempre será mais vantajoso para mídia oferecer ao mercado esta futilidade, esta homogeneização. Até mesmo o jornalismo tem-se contaminado com esta cultura inútil. Vide o exemplo do Jornal Nacional, ao dedicar quinze minutos de sua programação ao nascimento de Sacha. Este é só mais um exemplo entre tantos outros. Agora, mais do que nunca, o povo tem que se voltar contra este “estímulo-resposta” barato e fazer valer seu direito como cidadão.
Não quero pregar aqui uma política que coloque fim à diversão, contudo é preciso dosar o que é absorvido. É preciso olhar para política com outros olhos, assim como para a programação televisiva. A mídia pode até persistir em seu bombardeamento de futilidades, contudo se nós, como público alvo, mudarmos nosso olhar e passarmos a enxergar as coisas como um olhar crítico, tudo será bem diferente. Neste dia poderei descansar aliviado, pois o Pão fartará o país enquanto o Circo não mais jorrará sangue.
Os Vencedores do Oscar (por Luiz Otávio Tal)
Como o anúncio dos indicados ao Oscar será o tema nos papos de botequim do próximo mês, aproveito para postar um pequeno clipe com imagens de todos os 79 vencedores da estatueta de Melhor Filme. No vídeo cenas inesquecíveis como a de Greta Garbo
A Bruxa Está Solta: Morre Dora Bria (por Luiz Otávio Tal)
Façam suas mandingas, protejam-se com seus amuletos, porque em
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Luto: Morre Heath Ledger (por Luiz Otávio Tal)
Deixei de publicar ontem qualquer menção à morte de Heath Ledger na esperança de um laudo mais conclusivo sobre a “causa mortis”. No entanto, o falecimento prematuro do ator, de 28 anos, permanece uma incógnita. O fato é que se mostra antecipada a atitude de associar a tragédia ao uso abusivo de drogas, como boa parte das ferramentas digitais vem fazendo, mesmo tendo polícia não descartado a possibilidade de overdose, uma vez que foram encontradas, ao lado do corpo, pílulas tranqüilizantes.
Coelhinha no Divã (por Luiz Otávio Tal)
ENTREVISTA MÁRCIA SPÉZIA
Coelhinha oficial da Playboy, Márcia, 27 anos, é a representante da marca nos coquetéis de lançamento e nas campanhas de divulgação. Já posou nua tanto para o espaço on-line quanto para a revista. Foi o recheio da edição de Setembro de 2007.
O convite surgiu quando eu fiz um ensaio para o site bella da semana em Florianópolis (SC). O fotógrafo me convidou no final do trabalho e na semana seguinte fiz meu primeiro ensaio para a Playboy como cyber gata do site oficial da revista.
Quando eu tinha 18 anos tive a primeira vontade de posar para a publicação, mas achava impossível, por morar longe e não ter nenhuma condição.
A nudez eu encaro naturalmente pelo lado profissional, porque Deus nos traz á vida sem roupa. Mas você tem que saber lidar com seu corpo nu. Fotografar é uma coisa, e para mim é super tranqüilo, agora sair de casa quase nua para ser olhada não rola.
Até agora foram o cyber gata em junho, coelhinha em julho, editorial máquina sexual em agosto, segundo ensaio em setembro, especial gatas e coelhinhas, piadas de topless, e agora também estou sempre presente nos eventos representando a Playboy.
Falar de grana é complicado, não posso emitir valores de nada, desculpe.
Beleza, simpatia, postura e educação são itens básicos. Eu comecei por acaso fazendo gravação para o site e continuo até hoje.
Os bastidores é aquela coisa boa, muito agito, correria e concentração. A equipe, dependendo do ensaio e local, é grande: fotógrafo e assistente, cinegrafista e assistente, diretor, maquiador, figurinista, motorista, enfim depende muito.
Mudou muita coisa, principalmente em termos de reconhecimento. Automaticamente aparecem mais trabalhos, mas também surgem problemas em que a gente passa a ter mais cuidado em relação aonde ir e com quem ir. Apesar das novas portas e oportunidades, sou a mesma Márcia.
É difícil responder, porque ao mesmo tempo em que a sociedade mudou seu modo de pensar em relação à nudez, ainda existem muitos tabus e preconceitos. Hoje em dia quase todas as mulheres têm esse desejo de posar nua. Não dá pra agradar a todos, mas a meu ver a sociedade já se acostumou em ver mulheres bonitas e beldades em ensaios de nudez.
- Você sofreu algum tipo de preconceito?
Até agora não sofri, mas é lógico que não estou livre de sofrer. Como eu disse, anteriormente, não se pode agradar a todos.
Minha família vem me acompanhando desde o início quando comecei a modelar. Quando contei para eles que iria posar para Playboy, todos me parabenizaram e me apoiaram, sem se manifestarem contrários. E ser coelhinha foi conseqüência dos ensaios.
É muito bom ter esse contato com os fãs, pelo menos eu adoro. Gosto de saber a opinião deles, o que acham, se gostam ou se criticam. Faço o que posso para responder a todos, gosto de dar atenção. Até agora só recebi elogios pelos meus trabalhos.
Não tem como perceber diferenças, recebo e-mails e mensagens no Orkut, tanto dos assinantes quanto do publico que compra nas bancas. É sempre a mesma atenção.
Eu resumo em uma só coisa: curiosidade. Hoje em dia as pessoas estão muito mais voltadas à estética, ao corpo, e isso gera sempre curiosidade quando o assunto é mostrar nudez. Existe também o glamour que a Playboy consegue passar e isso faz com que as pessoas sintam vontade de ver, sem dizer também que a revista traz não somente o nu, discutindo nossa atual realidade em certos aspectos.
Sou suspeita para falar sobre isso, mas a verdade é cruel, o que esta acontecendo nessa reorganização é que tanto o homem quanto a mulher estão deixando de lado alguns princípios básicos de uma relação, como o respeito, e isso faz com que as pessoas não acreditem em uma relação sólida, sadia. Apesar disto tudo, essa reorganização alcançou um ponto positivo para a mulher na sociedade. Ela amadureceu perante o homem, está se impondo mais.
- Qual a importância do sexo na sua vida?
Em minha opinião é 50% da base de uma relação. Sexo faz bem, relaxa, deixa sua pele bonita, mas o mais importante no sexo é o companheiro, fazer com gosto e com quem se sentir atraída e não fazer só por fazer, com qualquer um.
Tabus estão aí para serem quebrados. A sociedade ainda tem que aprender muito sobre a sexualidade. Um dos motivos dessa hipocrisia é a falta de amadurecimento e informação, sem esquecer também do preconceito que existe, principalmente, com os homossexuais. Eu encaro tudo isto naturalmente, pois cada um tem seu jeito, um pensamento, e cada pessoa sabe o que a faz feliz e bem.
- O que é o orgasmo para você?
Orgasmo para mim é o ápice do prazer, a melhor coisa do sexo, pena que nem todas as mulheres conseguem chegar nesse paraíso.
-Qual sua opinião em relação ao sexo virtual?
Sinceramente, isso pra mim é a maior besteira que inventaram. A pessoa fica sufocada dentro das ilusões, se martirizando à toa. Sexo foi feito para fazer com outra pessoa, tem que sentir, ter o que pegar. Para mim isto é uma perda de tempo.
- Há limites na realização de uma fantasia sexual?
Quando se está com a pessoa desejada, não existe limite, e sim o respeito. Fantasias todo mundo tem, mas tem que saber até onde vai o limite. Enfim, tudo é bom quando se está com a pessoa certa.
- O que você espera para o futuro? Quais os planos?
Espero um futuro melhor para todos, esperamos nosso governo descruzar os braços e fazer algo útil por esse país que poderia ser de primeiro mundo, mas enfim, eu tenho muitos objetivos e sonhos para realizar, colocar
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Em Busca da Estatueta Dourada (por Luiz Otávio Tal)
Todo início de ano é a mesma coisa. Uma onda especulativa tende a supervalorizar a cotação de alguns no mercado, uma vez que neste mundo só há espaço para empresas de capital aberto. Uma série de operadores, com função semelhante a de um vidente, dedicam todo o tempo útil em prol destas transações, que a cada ano tendem a ficar mais imprevisíveis. Em tempos instáveis, ganha notoriedade aquele que mais se aproximar das tendências do “pregão”, definindo possíveis casos de sucesso.
Confira a Lista Completa dos Indicados:
Melhor filme
"Conduta de Risco"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"'
"Sangue Negro"
"Desejo e Reparação"
"Juno"
Melhor ator
George Clooney ("Conduta de Risco")
Daniel Day Lewis ("Sangue Negro")
Tommy Lee Jones ("No Vale das Sombras")
Viggo Mortensen ("Senhores do Crime")
Johnny Depp ("Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet")
Melhor atriz
Cate Blanchet ( "Elizabeth: A Era de Ouro")
Julie Christie ("Longe Dela")
Marion Cotillard ("Piaf - Um Hino ao Amor")
Laura Linney ("The Savages")
Ellen Page ("Juno")
Melhor ator coadjuvante
Casey Affleck ("O Assassinato do Jovem Jesse James pelo Covarde Robert Ford")
Javier Bardem ("Onde os Fracos Não Têm Vez")
Philip Seymour Hoffman ("Jogos do Poder")
Hal Holbrook ("Na Natureza Selvagem")
Tom Wilkinson ("Conduta de Risco")
Melhor atriz coadjuvante
Cate Blanchett ("I'm Not There)
Ruby Dee ("O Gângster")
Saoirse Ronan ("Desejo e Reparação")
Amy Ryan ("Gone Baby Gone")
Tilda Swinton ("Conduta de Risco")
Melhor diretor
Tony Gilroy ("Conduta de Risco")
Jason Reitman ("Juno")
Julian Schnabel ("O Escafandro e a Borboleta")
Paul Thomas Anderson ("Sangue Negro")
Ethan e Joel Coen ("Onde os Fracos Não Têm Vez)
Melhor roteiro original
"Juno"
"Lars and the Real Girl"
"Conduta de Risco*
"Ratatouille"
"The Savages"
Melho roteiro adaptado
"O Escafandro e a Borboleta"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Desejo e Reparação"
"Longe Dela"
"Sangue Negro"
Melhor filme de animação
"Ratatouille" (Brad Bird)
"Tá Dando Onda" (Ash Brannon and Chris Buck)
"Persépolis" (Marjane Satrapi and Vincent Paronnaud)
Melhor direção de arte
"O Gângster"
"Desejo e Reparação"
"A Bússola de Ouro"
"Sweeney Todd - o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"
"Sangue Negro"
Melhor fotografia
"O Assassinato do Jovem Jesse James pelo Covarde Robert Ford"
"Desejo e Reparação"
"O Escafandro e a Borboleta"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"
Melhor figurino
"Across the Universe"
"Desejo e Reparação"
"Elizabeth: A Era de Ouro"
"Piaf - um hino ao amor"
"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"
Melhor documentário
"No End in Sight"
"Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience"
"Sicko"
"Taxi to the Dark Side"
"War/dance"
Melhor documentário de curta-metragem
"Freeheld"
"La Corona"
"Salim Baba"
"Sari's Mother"
Melhor edição
"O Ultimato Bourne"
"O Escafandro e a Borboleta"
"Na Natureza Selvagem"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"
Melhor filme estrangeiro
"The Counterfeiters" (Stefan Ruzowitzky - Áustria)
"Beaufort" (Joseph Cedar - Israel)
"Katyn" (Andrzej Wajda - Polônia)
"12" (Nikita Mikhalkov - Rússia)
"Mongol" (Sergei Bodrov - Cazaquistão)
Melhor maquiagem
"Piaf - Um Hino ao Amor"
"Norbit"
"Piratas do Caribe - No Fim do Mundo"
Melhor trilha sonora original
"Desejo e Reparação" (Dario Marianeli)
"O Caçador de Pipas" (Alberto Iglesias)
"Conduta de Risco" (James Newton Howard)
"Ratatouille" (Michael Giacchino)
"3:10 to Yuma" (Marco Beltrami)
Melhor canção original
"Falling Slowly" (Glen Hansard e Marketa Irglova - "Once")
"Happy Working Song" (Alen Menken e Stephen Schwartz - "Encantada")
"Raise It Up" (Autor a ser determinado - "August Rush")
"So Close" (Alan Menken e Stephen Schwartz - "Encantada")
"That's How You Know" (Alan Menken e Stephen Schwartz - "Encantada")
Melhor curta-metragem
"At Night"
"Il Supplente"
"Le Mozart des Pickpockets"
"Tanghi Argentini"
"The Tonto Woman"
Melhor animação de curta-metragem
"I Met the Walrus"
"Madame Tutli-Putli"
"Meme Lês Pigeons Vont au Paradis"
"My Love"
"Peter and the Wolf"
Melhor edição de som
"O Ultimato Bourne"
"Ratatouille"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"
"Transformers"
Melhor mixagem de som
"O Ultimato Bourne"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Ratatouille"
"3:10 to Yuma"
"Transformers"
Melhor efeito especial
"A Bússola de Ouro"
"Piratas do Caribe - No Fim do Mundo"
"Transformers"
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
O Caderno Rosa de Lori Lamby: Pornografia e Erotismo na Sociedade do Medo (por Luiz Otávio Tal)
Uma linha muito tênue perpassa os conceitos de erotismo e pornografia, ainda mais se lançarmos estes significados junto ao contexto artístico. De Duchamp à Da Vinci o “valor arte” é tão abstrato que não se apega a pré-definições. Partindo do princípio de que o objeto artístico emana de uma variedade de possibilidades em expor a consciência, não há então um padrão estético definido e nem mesmo inferioridade entre erótico e pornográfico. Ambos os segmentos possuem igual valor, expressando cada qual, necessidades diferentes.
Pincelados superficialmente os conceitos, cabe uma análise do objeto que nos despertou todo o questionamento. “O caderno rosa de Lori Lamby”, escrito por Hilda Hilst, é uma curiosa literatura na medida em que coloca em choque idéias já definidas. Trata-se de um livro pornográfico ou erótico? Não é uma coisa e nem outra. E durante muito tempo permaneceu indefinida devido à hipocrisia de uma sociedade que apesar de produzir obras deste tipo, não pensa duas vezes em condená-las.
O fato é que literatura deste tipo deve ser encarada com a seriedade que demanda. Toda hipocrisia construída por meio de uma “sociedade do medo” deve ser deixada de lado, para que então o receptor absorva o conteúdo sem qualquer tipo de condenação
domingo, 20 de janeiro de 2008
A Televisão e seus Signos Subliminares (por Luiz Otávio Tal)
O Fascínio não está ligado aos personagens encarnados na TV ou no cinema, mas sim na figura do ídolo. Sendo assim, nada impede que um ator ou uma atriz ruim exerça tal fascínio sobre o fã. Basta ter carisma e domínio suficiente para seduzir a câmera e por conseqüência o público.
As estrelas são prisioneiras de suas glórias, pois encarnam tudo aquilo que o público médio tem vontade, mas não coragem, de vivenciar. Quando a estrela tenta se livrar de uma imagem pré-concebida é logo esquecida pela audiência. Deste modo, algumas estrelas se aprisionam num ciclo de estar sempre alimentando o desejo alheio. Visitas ao cirurgião plástico, são práticas constantes, para que nunca decepcionem.
A massa tende a não acreditar na morte dos ídolos. Nestes casos, a racionalidade é burlada, dando lugar à emotividade. Por outro lado, diferente do Cinema, a TV não sofre com isto, pois se uma estrela morre ou deixa de seduzir é imediatamente substituída.
O sedutor exerce um tipo de “vampirismo”, pois ele seduz e se apodera do seduzido, que passa a viver em função do seu ídolo, de seu modo de pensar, do estilo de roupa que veste, dos lugares que freqüenta... A partir desta premissa a televisão é o veículo responsável pela criação e propagação de moda. Tanto a TV quanto o cinema induzem ao mimetismo, ou seja, o público que tenta imitar o modelo que assiste. Ironicamente, é um recurso utilizado pelo astro para se individualizar, no entanto, acaba sendo imitado pelo fã.
As séries de televisão podem também funcionar como estrela, pois elas operam do mesmo modo que o mito ao preencher as expectativas do grande público, além de impor um modelo de vida. A série se torna estrela quando se encaixa junto ao gosto dos telespectadores.
As estrelas são sempre publicitárias, objetos do consumo, enfim, um produto em potencial, pois por meio delas cria-se a sensação de que copiando suas características externas, copiam-se também as internas. Há inversão de valores também. Pode-se encontrar negros torcendo pelo herói que castiga escravos ou ricos que se emocionam com a solidão de um vagabundo.
ESTEREÓTIPO COMO INVERSÃO DA SEDUÇÃO
Os estereótipos são representações sociais que tendem transformar o complexo em algo simplório, focando apenas uma característica. São representações sociais porque é uma visão compartilhada que um coletivo social possui sobre outro coletivo social. Neste sentido o estereótipo é o contrário de sedução. Assemelha-se à sedução, pois seleciona apenas uma dimensão da realidade (no caso, negativa). O receptor transforma então a parte negativa como o todo.
Os estereótipos são uma redução da realidade para facilitar a interpretação, diminuindo a complexidade e a ambigüidade dos fatos perante o receptor. Este recorte varia de acordo com os interesses do emissor. Facilita o envolvimento emocional, mas quando se transforma em uma crença generalizada e equivocada em relação a um determinado grupo, torna-se um ato de preconceito.
Estereótipo é passivo de mudança, no entanto a TV contribui intencionalmente com concepções deturpadas da realidade que vão se solidificando na visão do receptor. Quem vê muita televisão tende a ver o mundo como perigoso, a ser menos confiante e a superestimar a maldade.
sábado, 19 de janeiro de 2008
Caos na TV Aberta (por Luiz Otávio Tal)
O ano de 2007, para a televisão brasileira, foi marcado por uma guerra acirrada pela audiência. As novelas não emplacaram, programas passaram por reestruturações e alternativas escusas foram utilizadas para tentar chamar a atenção do grande público. Segundo dados do Ibope, divulgados pelo Estadão , a Record e a Band foram as emissoras que mais cresceram no ano passado, com índices de 18 e 10%, respectivamente. Por outro lado o SBT e a Rede Globo tiveram uma queda considerável de 16 e 13%, enquanto a Rede TV manteve-se estável.
Isto é o reflexo da falta de inventividade que permeia os roteiristas e produtores brasileiros. O resultado é uma audiência equiparada entre as TVs. A Record, por exemplo, não se envergonha de deixar claro que a regra é não ter padrão, uma vez que toda sua grade é inspirada nos produtos da Globo. Artistas e novelistas foram contratados pela emissora de Edir Macedo, a fim de produzirem tramas semelhantes as da concorrência. O fato é que quando se padronizam a oferta, evidentemente, a procura fica dividida. Este panorama tende a continuar em 2008, pelo menos enquanto não oferecem algo novo.
Outro dia à tarde estava em casa assistindo a novela “Coração de Estudante”, de Emanoel Jacobina, e me surpreendi com a riqueza dos diálogos e o com o capricho dos enquadramentos. Algo em falta nas novelas de hoje. Na Globo uma rixa entre o autor de “Duas Caras”, Aguinaldo Silva, e a alta cúpula da emissora desencaminhou ainda mais os rumos do folhetim. A trama é uma comédia de erros, onde nenhum ator se sobressai. Já a Record lança mão da parcela dos descontentes ao dar vida a mutantes bizarros com a novela “Caminhos do Coração”, de Tiago Santiago. O fato é que, mesmo sem pé nem cabeça, a trama atrai a atenção de jovens e adolescentes, acostumados com quadrinhos e games cujos personagens são zumbis e seres geneticamente modificados. O SBT, por outro lado, amarga a lanterna na disputa. Preso por um contrato com a Televisa, emissora de TV mexicana, Sílvio Santos é obrigado a reprisar e adaptar os lamentos de todas as Marias concebíveis pelos descendentes Astecas. No entanto, ultimamente a emissora tem pouco se importado com números, já que o grande interesse é lucrar com ligações telefônicas.
A crise também atinge o jornalismo. No início do mês a Globo convocou Patrícia Poeta para o lugar de Glória Maria na apresentação do “Fantástico”. A assessoria de imprensa da emissora emitiu um comunicado dizendo que foi Glória quem decidiu deixar o programa para se dedicar a projetos pessoais. Contudo, é evidente que sua imagem já estava ficando gasta. A apresentadora coleciona desafetos com a equipe do dominical e faz questão de ostentar os luxos da sociedade carioca.
Ana Maria Braga também estava perdendo pontos preciosos para os companheiros Brito Jr., Ana Hickman e Edu Guedes, do “Hoje em Dia”, da Record. A solução foi incrementar o “Mais Você” com a seleção de participantes para o Big Brother. Uma tática arriscada, uma vez que a cada ano o programa torna-se mais previsível. A fórmula é bem simples: 14 participantes confinados em uma casa, correndo atrás de um milhão de reais, enquanto o brasileiro ainda se mata por um salário mínimo. Paciência que dura até meados de abril.
Nesta história toda, a Band é a única emissora que utiliza armas justas para a disputa. Ao invés de copiar as idéias alheias, o forte em sua programação é investir no jornalismo e na cobertura esportiva. Já a Rede TV está lá, mas pelo visto ainda ninguém notou que ela existe.
Assim sendo, o panorama não é muito otimista para
Pérolas Socias que saem nos jornais (por Raphael Paradella)
Nova polêmica das marcas
Calçadista quer processar Vale, mas não tem logotipo registrado
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Moda: uma questão de economia, personalidade ou futilidade?! (por Raphael Paradella)
A moda é um segmento em ascenção, como o exemplo do mercado nacional. Com as mudanças nas leis de importação/exportação, o Brasil teve seus maquinários da industria têxtil, bem como de outros setores, totalmente reformados para atender à demanda. As marcas e estilistas ganharam espaço na mídia quando o consagrado São Paulo Fashion Week têm os desfiles transmitidos ao vivo pelos canais de TV a Cabo e pela internet, além de ser destaque em revistas e jornais. "A moda gera empregos, movimenta mercados e revela profissionais. Nos últimos seis anos o Brasil firmou sua identidade na moda e as pessoas passaram a notar que ela pode e deve ser aprendida na escola, como uma formação superior", confirmou Ronaldo Fraga em sua aula inaugural do curso superior de moda da Centro Universitário Jaraguá do Sul (Unerj). Isto, inclui todo tipo de profissional que de alguma forma está envolvido no mundinho fashion, que de pequeno e restrito não tem nada.
Do Baú das Traças (por Luiz Otávio Tal)
Na estréia da coluna uma comparação estética entre os filmes de Mike Nichols.
Teatro no Cinema
O Cinema sabe como poucos entreter e divertir – acredito que apenas a televisão o supere neste sentido. Entramos numa sala escura e ficamos estatelados com todas aquelas imagens e sons, que parece nos sugar para dentro da tela. O problema é que depois de duas horas de projeção o filme acaba e voltamos para nossa vida medíocre. É esta a função do cinema? Bom, se levarmos em conta boa parte da produção apresentada atualmente, não teremos dúvidas de que a indústria cinematográfica visa unicamente nos entreter com fórmulas ultrapassadas e previsíveis. Contudo, ainda é possível encontrar um cinema capaz de atingir a alma do espectador, falando de segredos tão íntimos, que só estando imerso na trama para compreendê-los. Neste sentido, a estética de Mike Nichols tem se aprimorado ao longo dos anos ao propor um mergulho muito mais profundo, indo além daquilo que, aparentemente, é nos dado.
Esta característica do diretor se dá graças a sua experiência nos palcos como diretor teatral. Seus filmes são dotados de uma angústia incomum ao mesmo tempo em que são pontuados por um humor negro afiado. É isto o que se percebe em “Closer – Perto Demais” (2004), um olhar intimista na vida de dois casais que se envolvem num jogo de traições em que ninguém sabe ao certo a verdade sobre o outro. São quatro estranhos que julgam se conhecer.
O filme começa com a imagem de Alice (Natalie Portman), uma stripper, caminhando com o olhar perdido em meio à multidão de transeuntes na rua. Acompanhando Alice, a câmera se movimenta freneticamente, criando uma certa tensão, logo percebida pelo espectador. Do outro lado encontra-se Dan (Jude Law), um escritor insignificante, que caminha em sentido contrário. Um encontro, como insinua a objetiva, é inevitável. Mas é claro que esta colisão não terá intensidade. Por mais tempo que se passe, mais se encontrarão distanciados Dan e Alice, como que caminhando entre estranhos pelas ruas de Londres.
O Fator X (por Raphael Paradella)
Phil Ross, um gerente competente com o sonho de se tornar um dia presidente da companhia em que trabalha, que mesmo participando de workshops, congressos, lendo revistas especializadas ainda não compreende o significado da administração de empresas. Contudo, o personagem não busca por respostas simplórias e nem traduções literais do termo, mas sim por um sistema de gestão que realmente faça a diferença.
Ao realizar uma pesquisa com consultores administrativos Phil se depara com a mesma frustração ao receber respostas vagas e que não dão conta de suas indagações internas. Contudo, em uma noite, ao assistir o noticiário se deparou com uma entrevista com um empresário chamado Sam Wharton que conseguiu tirar a empresa da eminente falência e colocá-la bem posicionada no mercado, por meio do “Fator X”. A partir disso, Phil busca encontrar-se com Sam e desvendar os “segredos” do “Fator X”.
Por meio de uma parábola de fácil leitura e de exemplos cotidianos, Ross Reck apresenta um novo sistema de gestão baseado no relacionamento e na superação de expectativas das pessoas envolvidas no processo produtivo (desde colaboradores até clientes). É um estímulo à mudança de postura dos gestores, que muitas vezes ainda estão atrelados a antiga ordem de mercado em que “eu mando e eles trabalham, eu vendo e recebo o lucro”. O sistema proposto é uma visão mais humanista do processo que envolve fatores psicossomáticos iseridos em uma rede de produção integrada e sintonizada nos mesmos objetivos. Enfim, o livro busca mostrar “como extrair resultados extraordinários de pessoas comuns”.
PS: Ross R. Reck obteve seu Ph.D. pela Michigan University em 1977. Entre 1975 e 1985 foi professor de Administração na Arizona Satate University, época em que recebeu importantes prêmios de excelência no ensino. Depois de deixar a universidade, tornou-se autor, consulto e palestrante de renome internacional. Entre seus clientes estão empresas e organizações como a hewlett-packard, a American Express e a Xerox.
(mini currículo retirado do próprio livro).
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Brasil Rumo ao Oscar (por Luiz Otávio Tal)
Esta semana a A.M.P.A.S., Academia das Ciências e das Artes Cinematográficas, mais conhecida como Oscar, divulgou a lista dos nove finalistas para a categoria de melhor filme estrangeiro. A surpresa foi a ausência de filmes tidos como favoritos pelos críticos, o que aumenta as chances do Brasil na disputa com o longa de
Ficaram de fora a animação francesa “Persépolis”, de Marjane Strapi, adaptação da HQ da autora sobre os costumes islâmicos, o romeno “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" de Cristian Mungiu, que narra o drama de duas mulheres em paralelo a queda do comunismo e o espanhol “O Orfanato” de Juan Antonio Bayona, suspense que conta com a produção do badalado Guillhermo del Toro (O Labirinto do Fauno).
O fato é que dessa vez os críticos erraram em suas previsões, mesmo tendo Jacqueline Bisset, membra da Academia, ter declarado que adorou o filme brasileiro e que ele tinha grandes chances de ser indicado. O buzz em cima das outras grandes produções mundiais fez com que “O Ano que Meus Pais Saíram de Férias” fosse esquecido até mesmo pelos brasileiros, que lotaram as salas de cinema no país para verem Capitão Nascimento e sua trupe em “Tropa de Elite”, de José Padilha.
Considerando os vencedores desta categoria nos últimos anos, o filme de Hamburger sai na frente. Com uma estética argentina-européia, temas como judaísmo, busca de identidade e conflitos políticos permeiam a trama. “As férias” do título se referem ao período em que um garoto passa a ser criado pelos avós, enquanto os pais sofrem com as perseguições políticas.
Nove anos depois de “Central do Brasil” ter sido indicado na categoria, o Brasil está mais perto de uma nova indicação e quiçá uma possível vitória. O anúncio dos indicados ao Oscar acontece no próximo dia 22 de janeiro e a cerimônia está prevista para ser transmitida no dia 24 de fevereiro, se o sindicato dos roteiristas permitirem.
Segue a lista dos filmes pré-selecionados:
“The Counterfeiters” (Austria)
“The Year My Parents Went on Vacation” (Brasil)
“Days of Darkness” (
“Beaufort” (
“The Unknown” (Italia)
“Mongol” (Cazaquistão)
“Katyn” (Polônia)
“
“The Trap” (Sérvia)
O Sexo no Papel (por Luiz Otávio Tal)
A estação mais quente do ano, além do sol, mar e dos corpos sarados desfilando nas areias, trás também as mudanças inesperadas de temperatura. Fenômenos já manjados, como o “La Niña”, influenciam todo o clima tropical e despeja em terras tupiniquins uma incidência de chuvas fora do comum, provocando enchentes e acidentes ecológicos. E é neste clima de inconstância térmica, que os leitores da revista Playboy recebem a edição de janeiro.
Há cerca de dois anos a desculpa foi lançada pelos editores da revista e, embora não tenha convencido, já é a resposta padrão: “janeiro é um mês morto”. No entanto, este mês moribundo já conheceu dias melhores. O problema não está em colocar uma desconhecida na capa, mas sim em falta de honestidade. Seria muito mais justo para com o leitor uma coelhinha como estrela, intitulada musa do verão, como acontecia há dez anos atrás, do que um gancho que desmereça os 33 anos da publicação. Anelize Lopes (janeiro de 96), Paula Melissa (janeiro de 97) e Solange Frazão (janeiro de 99), contudo, viraram lenda em meio ao mundo comercial. Tudo isto sem desmerecer a beleza da morena Letícia Carlos, que é a típica brasileira, um violão digno de se dedilhar as melhores melodias. Original de fábrica, a morenaça tem tudo no lugar: uma bunda capaz de deixar sóbrio o mais embriagado dos alcoólatras, seios na medida exata como se apontassem para o horizonte e uma depilação generosa para aqueles que reclamaram do recato nas poses de Juliana Knust.
O grande problema está justamente no modo como Letícia foi apresentada aos leitores. Logo na chamada de capa a primeira decepção: “Letícia, a namorada que todo craque queria”. Ora, já não fazem mulheres como antigamente. A moça se sujeitou a um título tão medíocre que se vangloria em ser mais uma “maria-chuteira”. E mesmo neste caso ainda há controvérsias, uma vez que o jogador em questão é conhecido por não gostar da fruta. Teria sido muito mais honesto alçá-la ao posto de musa do verão, mesmo tendo no currículo este curioso affair.
Em termos técnicos o ensaio surpreende pela beleza, começando logo pela capa. As fontes não incomodam e o fundo branco serve para realçar ainda mais a beleza da morena, ao mesmo tempo em que presta uma homenagem à revista dos anos 80. Mérito também do fotógrafo J.R. Duran, que parece estar inspirado neste ano de 2008. A única exceção é a foto em que Letícia segura um troféu embaixo das pernas. Uma foto de extremo mau gosto e que não transmite nenhuma sensualidade. Destaco também o cuidado com as locações de Bruno Geraldini. A escolha de um hotel desativado, logo rústico, contrasta muito bem com o biótipo da modelo. As fotos prediletas são as da página 81, em que a moça engatinha completamente nua sob um emaranhado de colchões, e a da página 85, muito parecida com uma do ensaio da Tiazinha (Março de 99) em virtude da peruca fake.
A propósito, uma edição genuinamente brasileira, com mais duas modelos nacionais nos ensaios internos: a gaúcha Jéssica Borges, que já havia sido coelhinha na edição de novembro de 2002 e a pernambucana Sasckya Porto, descoberta por Hugh Hefner.
Tantas mulheres e o grande mérito da edição, no entanto, foi parar nas mãos das matérias e entrevistas, começando pelo grande bate-papo com Martinho da Vila. De cigarro na mão, camisa desabotoada e aquele sorriso característico, o sambista é de uma franqueza ímpar ao longo de sete páginas. Confessa o descontentamento com as escolas de samba, que estão a cada ano mais comerciais, optando pelo previsível ao invés de valorizarem a originalidade do passado, e também não se mostra hipócrita ao falar de desafetos no mundo da música, casos com bebida e em admitir que, mesmo insatisfeito com o samba pode aparecer na avenida em fevereiro, afinal de contas “todo malandro é malandro e todo mané é mané”.
Entre os artigos e reportagens me rendo mais uma vez ao texto hipnótico de Ivan Lessa. Apesar de ser a coluna com o menor índice de leitura da publicação, é a primeira que leio todos os meses. Outro dia até comentei numa mesa de bar, entre uma cerveja e outra, que estou ficando cada dia mais sarcástico graças ao mestre Ivan. Jornalista, ele vê o mundo a partir de Londres, enquanto eu ainda vejo o mundo por meio do próprio umbigo. No entanto, um dia chego lá.
Apesar de um grande mico, publicarem uma matéria sobre o rali Paris-Dacar em um ano que o torneio foi cancelado, a retrospectiva 2007 é de encher os olhos. Desde o design caprichoso de Thaís dos Anjos à grande sacada de ironizar Latino e Fani – num ano de vacas magras eis os destaques – como colunistas. Em suma, o bom humor é fundamental para relembrarmos momentos que não são dos mais agradáveis: corrupto que se vangloria da impunidade, um presidente que faz cartilha de sua ignorância, um folhetim que apela para o sensacionalismo barato a fim de incrementar a audiência, dentre tantos outros problemas. Esse é o Brasil e como diria todo filho da pátria, para não dizer outra coisa, vai indo.
Por fim, vale lembrar o que a taróloga, Fátyma de Moraes, profetizou na página 30 da seção “Happy Hour”: “A Rainha de Espadas mostra uma atriz soberana e estrategista, que mudará de planos e irá aceitar o convite em 2008. Propostas já foram efetuadas e não aceitas. O contrato será assinado em abril”. Pois então, cruzem os dedos amiguinhos...
No próximo mês respiro aliviado com Mônica Carvalho na capa. Até lá!
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Carpe Dien (por Raphael Paradella)
Vivemos atualmente em uma sociedade em que o culto ao corpo se torna praticamente inevitável. Alteres e barras norteiam os pensamentos masculinos, enquanto a eterna luta contra as celulites ganha grandes proporções entre as mulheres. Entende-se ser intrínseca ao ser humano a necessidade de pertencimento social, contudo, o que vemos é um medo exacerbado de se cair nas “más línguas”.
Aparentemente, o olhar de outras pessoas vale mais do que o auto-reflexo positivo que existe no ser. Fator este que se esconde atrás de expressões demagogas do tipo: “Tenho noção de que não posso colocar um biquíni”. Que embora a princípio pareça uma atitude louvável e de bom senso, acaba por reforçar uma auto-restrição e um preconceito social em relação aos que adotam tal postura. Afinal quantas vezes ouvimos frases do tipo: “Olha o corpo daquela mulher, como ela pode usar esse biquíni”, que precede ou antecede a citação anterior.
Estamos diante de uma cadeia invisível em que para o “corpo perfeito” quase tudo e permitido enquanto a restrição invade a vida dos pobres mortais. É hora de começarmos a viver sem se importar tanto com as aparências, que muitas vezes enganam nossos olhos, e começarmos a curtir a vida como ela merece ser vivida. A música de Lulu Santos reflete muito esse pensamento de liberdade interior afinal, “deixe que digam, que pensem, que falem. Deixe isso pra lá, vem pra cá, o que e que tem?”.
A auto-aceitação é o primeiro passo para curtir a estação mais esperada do ano.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Da escrita ao Digital (por Luiz Otávio Tal)
A ecrita nasceu da necessidade que o homem tinha em desafiar a natureza. Desde sempre, ele procurava caminhos que o libertassem dos arreios impostos pelo ambiente natural. Assim, existe uma continuidade ligando o domínio do fogo, a invenção da lâmpada e o advento da televisão e do computador.
O digital, então, nada mais é do que uma evolução da escrita. Ao ler o receptor transpassa o texto a fim de torná-lo coerente à sua realidade, uma vez que o conteúdo textual tende a ganhar forma sob diferentes perspectivas, em que cada indivíduo o conecta a signos particulares. A leitura não possui o domínio sobre o "eu", atuando somente como um mecanismo de reativação das mensagens. Do mesmo modo, se processa o hipertexto, que nada mais é do que uma evolução do modo de organizar a leitura, redefinindo a cognição. A grande diferença é que as redes digitais alargam a agama de signos disponíveis, movimentando o texto e agilizando sua efemeridade. A saída, então, não é entender as vantagens e desvantagens do meio, mas seim procurar enxergar o que está além.