quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Férias... (por Luiz Otávio Tal)


Depois de tanto tempo digerindo sapos e fazendo vista grossa para tantas coisas, é chegado o momento do descanso. Pelos próximos 15 dias o blog ficará sem minhas postagens. Estarei refugiado neste pequeno paraíso incrustado em terras brazucas. Até lá aguardo e-mails e comentários com sugestões e críticas. Bom Carnaval a todos!!!

Pão e Circo Para as Massas (por Luiz Otávio Tal)



A mídia, às vezes, remete-nos ao passado. Na Roma da Antiguidade Clássica, César dava à massa pobre e faminta os espetáculos vividos no Coliseu; era a chamada política do “Pão e Circo”. Ao povo fornecia-se pão, para saciar a fome, e shows de combates entre gladiadores, para saciar a mente. A massa, por conseguinte, dificilmente se rebelava contra os governantes daquela cidade, uma vez que estava alimentada tanto física quanto mentalmente. Esta analogia nunca se apresentou tão assertiva para ilustrar a situação atual dos meios de comunicação de massa.

Nestes termos, a mentalidade da massa hoje não é muito diferente daquela massa da antiguidade. O país atualmente enfrenta crises políticas, num tempo em que a população deveria aproveitar para extrair todo conhecimento político necessário para tentar coibir, futuramente, novas decepções e assim passar efetivamente a construir uma cultura, indo fundo nos reais problemas e não se deixar enganar pela memória fraca. No entanto, a grande maioria da população encara as crises como shows, ajudada pela espetacularização da mídia, que transforma toda a CPI em um grande programa de TV. Hoje canais como TV Senado têm sua audiência garantida, graças aos contornos circenses. As pessoas acompanham a CPI como uma espécie de novela na qual o próximo capítulo irá revelar o vilão.

Na questão política a futilidade é até mais amena. O que de fato atrai mesmo a audiência é a possibilidade de tornar-se celebridade de um dia para outro, é a febre dos realities shows e revistas de fofocas. É por isto que atualmente esta tão evidente esta política do pão e circo. Hoje, ao invés de batalhas entre gladiadores, temos a briga pelos 15 minutos de fama, a especulação da vida alheia e principalmente, a disputa “épica” por um milhão de reais, nos programas de TV. A única diferença que se pode perceber, é que no Brasil as pessoas saem do circo de barriga vazia. Elas se contentam com o espetáculo, enquanto a fome mata silenciosamente.

A conscientização para a mudança deve partir da massa, pois sempre será mais vantajoso para mídia oferecer ao mercado esta futilidade, esta homogeneização. Até mesmo o jornalismo tem-se contaminado com esta cultura inútil. Vide o exemplo do Jornal Nacional, ao dedicar quinze minutos de sua programação ao nascimento de Sacha. Este é só mais um exemplo entre tantos outros. Agora, mais do que nunca, o povo tem que se voltar contra este “estímulo-resposta” barato e fazer valer seu direito como cidadão.

Não quero pregar aqui uma política que coloque fim à diversão, contudo é preciso dosar o que é absorvido. É preciso olhar para política com outros olhos, assim como para a programação televisiva. A mídia pode até persistir em seu bombardeamento de futilidades, contudo se nós, como público alvo, mudarmos nosso olhar e passarmos a enxergar as coisas como um olhar crítico, tudo será bem diferente. Neste dia poderei descansar aliviado, pois o Pão fartará o país enquanto o Circo não mais jorrará sangue.

Os Vencedores do Oscar (por Luiz Otávio Tal)


Como o anúncio dos indicados ao Oscar será o tema nos papos de botequim do próximo mês, aproveito para postar um pequeno clipe com imagens de todos os 79 vencedores da estatueta de Melhor Filme. No vídeo cenas inesquecíveis como a de Greta Garbo em Grand Hotel, Ingrid Bergman e Humphrey Bogart em Casablanca, o inesquecível beijo entre Burt Lancaster e Deborah Kerr em A Um Passo da Eternidade e todos os “chefões” de Francis Ford Coppola. Vencedores mais recentes também merecem destaque como Os Infiltrados, Beleza Americana e O Silêncio dos Inocentes.


Assista ao Clipe

A Bruxa Está Solta: Morre Dora Bria (por Luiz Otávio Tal)


Façam suas mandingas, protejam-se com seus amuletos, porque em 2008 a “bruxa anda solta”. Depois das inesperadas mortes dos atores Luiz Carlos Tourinho e Heath Ledger mais um susto: morre Dora Bria, ex-campeã internacional de windsurf. O acidente não poderia ter sido mais trágico: dirigindo uma caminhonete L200 pelas precárias estradas de Minas Gerais, a ex-atleta rodopiou na pista molhada e chocou-se de frente com uma carreta. O carro, desgovernado, rolou ribanceira abaixo. Dora, de 49 anos, teve morte instantânea, devido ao grave traumatismo craniano e a perda de massa encefálica. O corpo foi sepultado hoje, no Cemitério do Caju (RJ).

Gaúcha, foi tricampeã sul-americana, hexacampeã brasileira e campeã do Havaí. Ficou por diversas vezes entre as cinco melhores do mundo. Dona de uma beleza natural, tornou-se na década de 90 musa do esporte nacional, posando nua para as revistas Playboy (1993) e Sexy (1998).

Era extremamente sensual, sem precisar se dedicar neste sentido. Quando posou nua pela primeira vez, abriu mão dos recursos que toda estrela utiliza nestas ocasiões. Apareceu sem maquiagem e com os cabelos molhados, num tempo em que o photoshop engatinhava. As fotos mostravam o dia-a-dia da atleta empinando sua prancha de windsurfe.

No Havaí era chamada de “Rainha”. Seus cabelos dourados, a pela bronzeada pelo sol e os lindos olhos verdes, eram hipnotizantes. Privilégio tinha o mar em fazer ondas para as curvas de Dora. Da África do Sul a Bali, ela fazia da liberdade sua paixão. E pensar que logo no início de sua trajetória cogitou a possibilidade de seguir carreira como engenheira química.

O paraíso está em festa, enquanto nós sentiremos saudades.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Luto: Morre Heath Ledger (por Luiz Otávio Tal)


Deixei de publicar ontem qualquer menção à morte de Heath Ledger na esperança de um laudo mais conclusivo sobre a “causa mortis”. No entanto, o falecimento prematuro do ator, de 28 anos, permanece uma incógnita. O fato é que se mostra antecipada a atitude de associar a tragédia ao uso abusivo de drogas, como boa parte das ferramentas digitais vem fazendo, mesmo tendo polícia não descartado a possibilidade de overdose, uma vez que foram encontradas, ao lado do corpo, pílulas tranqüilizantes.

Fico muito perturbado quando futuros brilhantes são interrompidos de uma maneira tão estúpida e inesperada. A imagem do ator que ficará na lembrança é a do galã, que chegou a ser comparado a Marlon Brando, que vinha alcançando um estilo de interpretação que lhe era único.

A primeira vez que vi Ledger em cena foi como Sonny em A Última Ceia, de Marc Forster. O filme trabalha o tempo todo com imagens fortes. Em uma das primeiras cenas Sonny recebe os “serviços” de uma prostituta, numa clara alusão à vida que levava: não podia traçar seu próprio caminho e até mesmo o sexo era algo mecânico, com hora marcada. Herdara do pai a obrigação de executar prisioneiros e como tal se sentia preso. Frágil, não resistiu à pressão, se matando logo na metade da película.

Em 2006 concorreu ao Oscar com o cowboy homossexual em O Segredo de Brokeback Moutain, de Ang Lee. Poucos compreenderam sua interpretação contida, chegando a elogiar mais seu companheiro Jake gyllenhall. Um bom desempenho, no entanto, não é aquele feito de gritos e forçadas expressões faciais. O bom ator prima pela naturalidade. Heath Ledger sabia disso.

Logo no início de sua trajetória, conquistou o público adolescente em filmes como 10 Coisas que Eu Odeio em Você, O Patriota e Coração de Cavaleiro. Era um ator que sabia escolher bons papéis. Até mesmo nestas películas menores, com apelo teen, demonstrava um bom desempenho na tela.

Está previsto para ser lançado em 18 de julho no Brasil o filme Batman – O Cavaleiro das Trevas, no qual o ator australiano interpretará Coringa. Algumas pessoas que já tiveram acesso ao material dizem que sua personificação está melhor do que a de Jack Nicholson, no dark movie de Tim Burton. No entanto, será uma experiência dolorosa ir ao cinema assistir o último ato de uma carreira brilhante.

Nascido em 4 de abril de 1979, o ator deixa uma filha, Matilda, de dois anos, do seu casamento com a atriz Michelle Williams.

Coelhinha no Divã (por Luiz Otávio Tal)

ENTREVISTA MÁRCIA SPÉZIA

Coelhinha oficial da Playboy, Márcia, 27 anos, é a representante da marca nos coquetéis de lançamento e nas campanhas de divulgação. Já posou nua tanto para o espaço on-line quanto para a revista. Foi o recheio da edição de Setembro de 2007.


- Como surgiu o convite para posar nua?

O convite surgiu quando eu fiz um ensaio para o site bella da semana em Florianópolis (SC). O fotógrafo me convidou no final do trabalho e na semana seguinte fiz meu primeiro ensaio para a Playboy como cyber gata do site oficial da revista.

- Era um sonho antigo?

Quando eu tinha 18 anos tive a primeira vontade de posar para a publicação, mas achava impossível, por morar longe e não ter nenhuma condição.

- Como você lida pessoalmente com a nudez?

A nudez eu encaro naturalmente pelo lado profissional, porque Deus nos traz á vida sem roupa. Mas você tem que saber lidar com seu corpo nu. Fotografar é uma coisa, e para mim é super tranqüilo, agora sair de casa quase nua para ser olhada não rola.

- Quantos e quais trabalhos você já desenvolveu nesta parceria com a Playboy?

Até agora foram o cyber gata em junho, coelhinha em julho, editorial máquina sexual em agosto, segundo ensaio em setembro, especial gatas e coelhinhas, piadas de topless, e agora também estou sempre presente nos eventos representando a Playboy.

- O cachê é realmente bom?

Falar de grana é complicado, não posso emitir valores de nada, desculpe.

- Há algum pré-requisito para ser escolhida coelhinha oficial da revista?

Beleza, simpatia, postura e educação são itens básicos. Eu comecei por acaso fazendo gravação para o site e continuo até hoje.

- Como são os bastidores de um ensaio fotográfico? Qual é o número de pessoas envolvidas na produção?

Os bastidores é aquela coisa boa, muito agito, correria e concentração. A equipe, dependendo do ensaio e local, é grande: fotógrafo e assistente, cinegrafista e assistente, diretor, maquiador, figurinista, motorista, enfim depende muito.

- O que mudou depois de ter posado nua?

Mudou muita coisa, principalmente em termos de reconhecimento. Automaticamente aparecem mais trabalhos, mas também surgem problemas em que a gente passa a ter mais cuidado em relação aonde ir e com quem ir. Apesar das novas portas e oportunidades, sou a mesma Márcia.

- Na sua opinião, como a sociedade encara hoje as mulheres que aceitam se despir para revistas masculinas?

É difícil responder, porque ao mesmo tempo em que a sociedade mudou seu modo de pensar em relação à nudez, ainda existem muitos tabus e preconceitos. Hoje em dia quase todas as mulheres têm esse desejo de posar nua. Não dá pra agradar a todos, mas a meu ver a sociedade já se acostumou em ver mulheres bonitas e beldades em ensaios de nudez.

- Você sofreu algum tipo de preconceito?

Até agora não sofri, mas é lógico que não estou livre de sofrer. Como eu disse, anteriormente, não se pode agradar a todos.

- Como sua família reagiu quando descobriu que você seria coelhinha da Playboy?

Minha família vem me acompanhando desde o início quando comecei a modelar. Quando contei para eles que iria posar para Playboy, todos me parabenizaram e me apoiaram, sem se manifestarem contrários. E ser coelhinha foi conseqüência dos ensaios.

- Como é seu relacionamento com os fãs da revista?

É muito bom ter esse contato com os fãs, pelo menos eu adoro. Gosto de saber a opinião deles, o que acham, se gostam ou se criticam. Faço o que posso para responder a todos, gosto de dar atenção. Até agora só recebi elogios pelos meus trabalhos.

- Suas fotos nuas conseguiram atingir públicos variados, ou seja, tanto os leitores que compram a publicação em banca quanto os e-leitores que assinam o site da revista. Você percebe alguma diferença entre estes públicos?

Não tem como perceber diferenças, recebo e-mails e mensagens no Orkut, tanto dos assinantes quanto do publico que compra nas bancas. É sempre a mesma atenção.

- A revista tem muitas leitoras heterossexuais. O que, no seu ponto de vista, explica isto?

Eu resumo em uma só coisa: curiosidade. Hoje em dia as pessoas estão muito mais voltadas à estética, ao corpo, e isso gera sempre curiosidade quando o assunto é mostrar nudez. Existe também o glamour que a Playboy consegue passar e isso faz com que as pessoas sintam vontade de ver, sem dizer também que a revista traz não somente o nu, discutindo nossa atual realidade em certos aspectos.

- A cada década se percebe uma reorganização na relação homem/mulher. Como você vê esta relação nos dias de hoje?

Sou suspeita para falar sobre isso, mas a verdade é cruel, o que esta acontecendo nessa reorganização é que tanto o homem quanto a mulher estão deixando de lado alguns princípios básicos de uma relação, como o respeito, e isso faz com que as pessoas não acreditem em uma relação sólida, sadia. Apesar disto tudo, essa reorganização alcançou um ponto positivo para a mulher na sociedade. Ela amadureceu perante o homem, está se impondo mais.

- Qual a importância do sexo na sua vida?

Em minha opinião é 50% da base de uma relação. Sexo faz bem, relaxa, deixa sua pele bonita, mas o mais importante no sexo é o companheiro, fazer com gosto e com quem se sentir atraída e não fazer só por fazer, com qualquer um.

- As pessoas hoje lidam com o sexo de uma forma muito natural, contudo, ainda há muita hipocrisia no falar de sexo. Por que você acha que isto ocorre? E como você encara tudo isto?

Tabus estão aí para serem quebrados. A sociedade ainda tem que aprender muito sobre a sexualidade. Um dos motivos dessa hipocrisia é a falta de amadurecimento e informação, sem esquecer também do preconceito que existe, principalmente, com os homossexuais. Eu encaro tudo isto naturalmente, pois cada um tem seu jeito, um pensamento, e cada pessoa sabe o que a faz feliz e bem.

- O que é o orgasmo para você?

Orgasmo para mim é o ápice do prazer, a melhor coisa do sexo, pena que nem todas as mulheres conseguem chegar nesse paraíso.

-Qual sua opinião em relação ao sexo virtual?

Sinceramente, isso pra mim é a maior besteira que inventaram. A pessoa fica sufocada dentro das ilusões, se martirizando à toa. Sexo foi feito para fazer com outra pessoa, tem que sentir, ter o que pegar. Para mim isto é uma perda de tempo.

- Há limites na realização de uma fantasia sexual?

Quando se está com a pessoa desejada, não existe limite, e sim o respeito. Fantasias todo mundo tem, mas tem que saber até onde vai o limite. Enfim, tudo é bom quando se está com a pessoa certa.

- O que você espera para o futuro? Quais os planos?

Espero um futuro melhor para todos, esperamos nosso governo descruzar os braços e fazer algo útil por esse país que poderia ser de primeiro mundo, mas enfim, eu tenho muitos objetivos e sonhos para realizar, colocar em prática. Pretendo ser atriz e um dia montar uma casa para desabrigados e dar oportunidades como educação, trabalho e dignidade.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Em Busca da Estatueta Dourada (por Luiz Otávio Tal)


Todo início de ano é a mesma coisa. Uma onda especulativa tende a supervalorizar a cotação de alguns no mercado, uma vez que neste mundo só há espaço para empresas de capital aberto. Uma série de operadores, com função semelhante a de um vidente, dedicam todo o tempo útil em prol destas transações, que a cada ano tendem a ficar mais imprevisíveis. Em tempos instáveis, ganha notoriedade aquele que mais se aproximar das tendências do “pregão”, definindo possíveis casos de sucesso.

Bom, o texto acima se aplicaria, perfeitamente, aos operadores de qualquer bolsa de valores, contudo, também funciona como analogia para definir o papel dos críticos de cinema, que passam o ano todo tentando descobrir quem será indicado ao Oscar, a maior premiação do cinema mundial.

O anúncio oficial dos indicados à estatueta foi realizado nesta terça-feira (22), às 11h30, horário de Brasília, no Teatro Samuel Goldwyn, em Los Angeles. Poucas foram as surpresas para 80ª edição do Oscar. Desta vez, pelo menos no quesito adivinhação, o “pregão” dos críticos fechou com saldo positivo.

Onde Os Fracos Não Têm Vez, dos irmãos Coen, e Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson, como já era esperado, lideram a disputa, com oito indicações para cada um. Em seguida aparecem com sete indicações Desejo e Reparação, de Joe Wright, e Conduta de Risco, de Tony Gilroy. Todas estas produções concorrem ao lado de Juno, de Jason Reitman, ao cobiçado prêmio de Melhor Filme.

As maiores surpresas ficam por conta da categoria de Melhor Atriz. Angelina Jolie, que já vinha sendo considera “lock” por sua atuação em O Preço da Coragem, foi esnobada na categoria, cedendo lugar para Laura Linney por The Savages, que já havia sido descartada para os críticos. Juntam-se a ela, Cate Blanchett por seu papel em Elizabeth: A Era de Ouro, Julie Christie por Longe Dela, a francesa Marion Cotillard por Piaf – Um Hino de Amor e Ellen Page por Juno. Blanchett entra para a história como o quinto ator a ser indicado pelo mesmo personagem (ela já havia sido indicada em 98 por Elizabeth), além disto, ela também está no seleto grupo de intérpretes que disputaram, em um mesmo ano, tanto o prêmio de protagonista como o de coadjuvante.

Já na categoria de Melhor Ator não houve grandes surpresas. Disputam George Clooney, como o advogado Michael Clayton em Conduta de Risco, Johnny Depp como um assassino sanguinário em Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, Tommy Lee Jones como o veterano de guerra por No Vale das Sombras e Viggo Mortensen como o mafioso de Senhores do Crime. James MacAvoy foi o esquecido da vez. Ano passado, apesar do bom desempenho em O Último Rei da Escócia acabou preterido pelo aterrorizante retrato do ditador Idi Amin feito por Forest Withaker. Este ano, apesar do grande desempenho em Desejo e Reparação, acabou passando em branco novamente.

Nenhuma surpresa também entre os coadjuvantes. Até mesmo a presença de Ruby Dee por sua atuação em O Gângster já havia sido prevista por alguns críticos. Entre os atores a lembrança de Hal Holbrook, funciona como a coração de uma carreira. Aos 82 anos ele jamais havia concorrido a um prêmio da Academia. Esta indicação também serve como consolo para Na Natureza Selvagem, que apesar do buzz, acabou sendo esquecido nas categorias mais importantes. O fato é que o longa, dirigido por Sean Penn, é uma obra muito particular, que trabalha com os sentidos do espectador.

Foi sentida também a ausência da produção brasileira. O Ano que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger, chegou a figurar entre os finalistas para Melhor Filme Estrangeiro, mas não resistiu à seleção final.

Com relação a possíveis vencedores, ainda é cedo para fazer qualquer previsão. É preciso analisar mais cada desempenho para um julgamento mais preciso (entre os meses de janeiro e fevereiro chegam aos cinemas brasileiros boa parte dos filmes indicados). No entanto, a Academia tem mostrado, ao longo das últimas cerimônias, certa autonomia sobre as demais premiações. Não será surpresa ver os irmãos Coen saindo de mãos vazias (no fundo eu até torço pela consagração de Paul Thomas Anderson), ou ver Cate Blanchett preterida por Amy Ryan. Mas isso só será revelado com a abertura dos envelopes.

A entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas acontece no dia 24 de fevereiro. Apesar da continuidade da greve dos roteiristas, que chega a sua 12ª semana, os organizadores do evento confirmam a cerimônia.

Confira a Lista Completa dos Indicados:

Melhor filme

"Conduta de Risco"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"'
"Sangue Negro"
"Desejo e Reparação"
"Juno"

Melhor ator

George Clooney ("Conduta de Risco")
Daniel Day Lewis ("Sangue Negro")
Tommy Lee Jones ("No Vale das Sombras")
Viggo Mortensen ("Senhores do Crime")
Johnny Depp ("Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet")

Melhor atriz

Cate Blanchet ( "Elizabeth: A Era de Ouro")
Julie Christie ("Longe Dela")
Marion Cotillard ("Piaf - Um Hino ao Amor")
Laura Linney ("The Savages")
Ellen Page ("Juno")

Melhor ator coadjuvante

Casey Affleck ("O Assassinato do Jovem Jesse James pelo Covarde Robert Ford")
Javier Bardem ("Onde os Fracos Não Têm Vez")
Philip Seymour Hoffman ("Jogos do Poder")
Hal Holbrook ("Na Natureza Selvagem")
Tom Wilkinson ("Conduta de Risco")

Melhor atriz coadjuvante

Cate Blanchett ("I'm Not There)
Ruby Dee ("O Gângster")
Saoirse Ronan ("Desejo e Reparação")
Amy Ryan ("Gone Baby Gone")
Tilda Swinton ("Conduta de Risco")

Melhor diretor

Tony Gilroy ("Conduta de Risco")
Jason Reitman ("Juno")
Julian Schnabel ("O Escafandro e a Borboleta")
Paul Thomas Anderson ("Sangue Negro")
Ethan e Joel Coen ("Onde os Fracos Não Têm Vez)

Melhor roteiro original

"Juno"
"Lars and the Real Girl"
"Conduta de Risco*
"Ratatouille"
"The Savages"

Melho roteiro adaptado

"O Escafandro e a Borboleta"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Desejo e Reparação"
"Longe Dela"
"Sangue Negro"

Melhor filme de animação

"Ratatouille" (Brad Bird)
"Tá Dando Onda" (Ash Brannon and Chris Buck)
"Persépolis" (Marjane Satrapi and Vincent Paronnaud)

Melhor direção de arte

"O Gângster"
"Desejo e Reparação"
"A Bússola de Ouro"
"Sweeney Todd - o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"
"Sangue Negro"

Melhor fotografia

"O Assassinato do Jovem Jesse James pelo Covarde Robert Ford"
"Desejo e Reparação"
"O Escafandro e a Borboleta"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"

Melhor figurino

"Across the Universe"
"Desejo e Reparação"
"Elizabeth: A Era de Ouro"
"Piaf - um hino ao amor"
"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"

Melhor documentário

"No End in Sight"
"Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience"
"Sicko"
"Taxi to the Dark Side"
"War/dance"

Melhor documentário de curta-metragem

"Freeheld"
"La Corona"
"Salim Baba"
"Sari's Mother"

Melhor edição

"O Ultimato Bourne"
"O Escafandro e a Borboleta"
"Na Natureza Selvagem"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"

Melhor filme estrangeiro

"The Counterfeiters" (Stefan Ruzowitzky - Áustria)
"Beaufort" (Joseph Cedar - Israel)
"Katyn" (Andrzej Wajda - Polônia)
"12" (Nikita Mikhalkov - Rússia)
"Mongol" (Sergei Bodrov - Cazaquistão)

Melhor maquiagem

"Piaf - Um Hino ao Amor"
"Norbit"
"Piratas do Caribe - No Fim do Mundo"

Melhor trilha sonora original

"Desejo e Reparação" (Dario Marianeli)
"O Caçador de Pipas" (Alberto Iglesias)
"Conduta de Risco" (James Newton Howard)
"Ratatouille" (Michael Giacchino)
"3:10 to Yuma" (Marco Beltrami)

Melhor canção original

"Falling Slowly" (Glen Hansard e Marketa Irglova - "Once")
"Happy Working Song" (Alen Menken e Stephen Schwartz - "Encantada")
"Raise It Up" (Autor a ser determinado - "August Rush")
"So Close" (Alan Menken e Stephen Schwartz - "Encantada")
"That's How You Know" (Alan Menken e Stephen Schwartz - "Encantada")

Melhor curta-metragem

"At Night"
"Il Supplente"
"Le Mozart des Pickpockets"
"Tanghi Argentini"
"The Tonto Woman"

Melhor animação de curta-metragem

"I Met the Walrus"
"Madame Tutli-Putli"
"Meme Lês Pigeons Vont au Paradis"
"My Love"
"Peter and the Wolf"

Melhor edição de som

"O Ultimato Bourne"
"Ratatouille"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"
"Transformers"

Melhor mixagem de som

"O Ultimato Bourne"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Ratatouille"
"3:10 to Yuma"
"Transformers"

Melhor efeito especial

"A Bússola de Ouro"
"Piratas do Caribe - No Fim do Mundo"
"Transformers"

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O Caderno Rosa de Lori Lamby: Pornografia e Erotismo na Sociedade do Medo (por Luiz Otávio Tal)


Uma linha muito tênue perpassa os conceitos de erotismo e pornografia, ainda mais se lançarmos estes significados junto ao contexto artístico. De Duchamp à Da Vinci o “valor arte” é tão abstrato que não se apega a pré-definições. Partindo do princípio de que o objeto artístico emana de uma variedade de possibilidades em expor a consciência, não há então um padrão estético definido e nem mesmo inferioridade entre erótico e pornográfico. Ambos os segmentos possuem igual valor, expressando cada qual, necessidades diferentes.

A grosso modo poderíamos traçar pornografia na arte como uma obra desprovida de sentimentos e emoções que desenvolve no receptor o desapego dos juízos morais. É o erotismo levado ao extremo. Deste modo, erotismo é uma manifestação mais “branda”, pois consegue estar em toda parte, se valendo por máscaras, disfarces e assim burlando limites e garantindo o despertar de um sentimento que não se pode escapar por mais rígidas que sejam as regras. Sendo assim, os conceitos se assemelham na medida em que, de modo explícito ou velado, trabalham com a irracionalidade, ou seja, antes de qualquer impulso a arte pornográfica ou erótica irá desperta uma sensação de desejo, de ligação ou sedução.

Pincelados superficialmente os conceitos, cabe uma análise do objeto que nos despertou todo o questionamento. “O caderno rosa de Lori Lamby”, escrito por Hilda Hilst, é uma curiosa literatura na medida em que coloca em choque idéias já definidas. Trata-se de um livro pornográfico ou erótico? Não é uma coisa e nem outra. E durante muito tempo permaneceu indefinida devido à hipocrisia de uma sociedade que apesar de produzir obras deste tipo, não pensa duas vezes em condená-las.

Hilda Hilst, de maneira inteligente, costura ambos os conceitos em sua obra literária. A todo momento se percebe uma disputa entre o erótico e o pornográfico. Ao ler o texto a mente humana trabalha com o modelo do Revirão. Cunhado na década de 80 por MD Magno, o conceito se refere a um padrão de funcionamento da mente humana que engloba polaridades distintas, ou seja, se pensamos na obra como explícita, o avesso também é pensado, uma vez que a ingenuidade permeia toda a construção.

Ao trabalhar com dois pólos, a autora segue a estrutura clássica da literatura pornográfica: A narrativa é permeada de imagens ingênuas do sexo, uma vez que é narrada por uma criança, interrompida pelo “caderno negro”, que escracha de maneira realística o sexo. A partir de então o leitor toma consciência do obsceno e o choque só é abrandado nas resoluções finais.

E a excitação? Esta é a função do caderninho de Lori? Não. Pornografia não é feita com a intenção de excitar o receptor, isto é uma conseqüência que leva em conta o contexto de cada um. As experiências não são pornográficas, apenas as representações que fazemos dela. Por isto a dificuldade de taxar uma obra, pois se para uns atenta contra a moral (principalmente se levarmos em conta que Hilst trabalha a questão da pedofilia), para outros é apenas a descrição de atos banais do dia a dia, como escovar os dentes ao despertar.

O fato é que literatura deste tipo deve ser encarada com a seriedade que demanda. Toda hipocrisia construída por meio de uma “sociedade do medo” deve ser deixada de lado, para que então o receptor absorva o conteúdo sem qualquer tipo de condenação

domingo, 20 de janeiro de 2008

A Televisão e seus Signos Subliminares (por Luiz Otávio Tal)

A SEDUÇÃO DAS ESTRELAS


O Fascínio não está ligado aos personagens encarnados na TV ou no cinema, mas sim na figura do ídolo. Sendo assim, nada impede que um ator ou uma atriz ruim exerça tal fascínio sobre o fã. Basta ter carisma e domínio suficiente para seduzir a câmera e por conseqüência o público.

A televisão aprimorou o esquema “fábrica de sonhos” de Hollywood. A todo momento criam-se celebridades instantâneas, que de uma hora para outra são substituídas. Estrelas descartáveis. Isto fez com que aumentasse a ânsia por informações sobre os ídolos. Hoje há todo um segmento jornalístico destinado a criar notícias e fofocas sobre o mundo das celebridades. Este mercado cumpre o seu papel na medida em que satisfaz as necessidades emocionais dos cidadãos, encarnado desejos e compensando frustrações.

Nesta perspectiva, personagem e ídolo acabam se confundindo para o fã. A imagem que as pessoas fazem das estrelas são ilusórias, simulacros, no entanto, o “astro” pode embarcar nesta ilusão alimentando o falso contexto.

As estrelas são prisioneiras de suas glórias, pois encarnam tudo aquilo que o público médio tem vontade, mas não coragem, de vivenciar. Quando a estrela tenta se livrar de uma imagem pré-concebida é logo esquecida pela audiência. Deste modo, algumas estrelas se aprisionam num ciclo de estar sempre alimentando o desejo alheio. Visitas ao cirurgião plástico, são práticas constantes, para que nunca decepcionem.

A massa tende a não acreditar na morte dos ídolos. Nestes casos, a racionalidade é burlada, dando lugar à emotividade. Por outro lado, diferente do Cinema, a TV não sofre com isto, pois se uma estrela morre ou deixa de seduzir é imediatamente substituída.

Os mitos exercem função parecida com a da religião. A religião é o mecanismo que possibilita ao homem atingir a plenitude, pois ele está sempre buscando por algo, há sempre uma sensação de insatisfação, vazio. Deste modo, o mito trabalha da mesma forma preenchendo os anseios das massas e desencadeando uma séria de manifestações ritualísticas.

O sedutor exerce um tipo de “vampirismo”, pois ele seduz e se apodera do seduzido, que passa a viver em função do seu ídolo, de seu modo de pensar, do estilo de roupa que veste, dos lugares que freqüenta... A partir desta premissa a televisão é o veículo responsável pela criação e propagação de moda. Tanto a TV quanto o cinema induzem ao mimetismo, ou seja, o público que tenta imitar o modelo que assiste. Ironicamente, é um recurso utilizado pelo astro para se individualizar, no entanto, acaba sendo imitado pelo fã.

As séries de televisão podem também funcionar como estrela, pois elas operam do mesmo modo que o mito ao preencher as expectativas do grande público, além de impor um modelo de vida. A série se torna estrela quando se encaixa junto ao gosto dos telespectadores.

As estrelas são sempre publicitárias, objetos do consumo, enfim, um produto em potencial, pois por meio delas cria-se a sensação de que copiando suas características externas, copiam-se também as internas. Há inversão de valores também. Pode-se encontrar negros torcendo pelo herói que castiga escravos ou ricos que se emocionam com a solidão de um vagabundo.

Por fim, a idolatria chega a prejudicar a saúde dos fanáticos, que querem se identificar com os astros por meio de cirurgias plásticas ou por meio de regimes drásticos. A sociedade ocidental, por exemplo, prega a magreza, colocando a anorexia como a doença da moda.

Em resumo, todo processo é irracional. A TV potencializa o interesse pelo corpo, pela imagem, estereotipando modelos físicos.

ESTEREÓTIPO COMO INVERSÃO DA SEDUÇÃO


Os estereótipos são representações sociais que tendem transformar o complexo em algo simplório, focando apenas uma característica. São representações sociais porque é uma visão compartilhada que um coletivo social possui sobre outro coletivo social. Neste sentido o estereótipo é o contrário de sedução. Assemelha-se à sedução, pois seleciona apenas uma dimensão da realidade (no caso, negativa). O receptor transforma então a parte negativa como o todo.

Os estereótipos são uma redução da realidade para facilitar a interpretação, diminuindo a complexidade e a ambigüidade dos fatos perante o receptor. Este recorte varia de acordo com os interesses do emissor. Facilita o envolvimento emocional, mas quando se transforma em uma crença generalizada e equivocada em relação a um determinado grupo, torna-se um ato de preconceito.

Estereótipo é passivo de mudança, no entanto a TV contribui intencionalmente com concepções deturpadas da realidade que vão se solidificando na visão do receptor. Quem vê muita televisão tende a ver o mundo como perigoso, a ser menos confiante e a superestimar a maldade.

A sedução então completa o indivíduo, enquanto que o estereótipo mostra o que deve ser evitado. Os conceitos, no entanto se assemelham na medida em que difundem o mesmo ponto de vista.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Caos na TV Aberta (por Luiz Otávio Tal)


O ano de 2007, para a televisão brasileira, foi marcado por uma guerra acirrada pela audiência. As novelas não emplacaram, programas passaram por reestruturações e alternativas escusas foram utilizadas para tentar chamar a atenção do grande público. Segundo dados do Ibope, divulgados pelo Estadão , a Record e a Band foram as emissoras que mais cresceram no ano passado, com índices de 18 e 10%, respectivamente. Por outro lado o SBT e a Rede Globo tiveram uma queda considerável de 16 e 13%, enquanto a Rede TV manteve-se estável.

Isto é o reflexo da falta de inventividade que permeia os roteiristas e produtores brasileiros. O resultado é uma audiência equiparada entre as TVs. A Record, por exemplo, não se envergonha de deixar claro que a regra é não ter padrão, uma vez que toda sua grade é inspirada nos produtos da Globo. Artistas e novelistas foram contratados pela emissora de Edir Macedo, a fim de produzirem tramas semelhantes as da concorrência. O fato é que quando se padronizam a oferta, evidentemente, a procura fica dividida. Este panorama tende a continuar em 2008, pelo menos enquanto não oferecem algo novo.

Outro dia à tarde estava em casa assistindo a novela “Coração de Estudante”, de Emanoel Jacobina, e me surpreendi com a riqueza dos diálogos e o com o capricho dos enquadramentos. Algo em falta nas novelas de hoje. Na Globo uma rixa entre o autor de “Duas Caras”, Aguinaldo Silva, e a alta cúpula da emissora desencaminhou ainda mais os rumos do folhetim. A trama é uma comédia de erros, onde nenhum ator se sobressai. Já a Record lança mão da parcela dos descontentes ao dar vida a mutantes bizarros com a novela “Caminhos do Coração”, de Tiago Santiago. O fato é que, mesmo sem pé nem cabeça, a trama atrai a atenção de jovens e adolescentes, acostumados com quadrinhos e games cujos personagens são zumbis e seres geneticamente modificados. O SBT, por outro lado, amarga a lanterna na disputa. Preso por um contrato com a Televisa, emissora de TV mexicana, Sílvio Santos é obrigado a reprisar e adaptar os lamentos de todas as Marias concebíveis pelos descendentes Astecas. No entanto, ultimamente a emissora tem pouco se importado com números, já que o grande interesse é lucrar com ligações telefônicas.

A crise também atinge o jornalismo. No início do mês a Globo convocou Patrícia Poeta para o lugar de Glória Maria na apresentação do “Fantástico”. A assessoria de imprensa da emissora emitiu um comunicado dizendo que foi Glória quem decidiu deixar o programa para se dedicar a projetos pessoais. Contudo, é evidente que sua imagem já estava ficando gasta. A apresentadora coleciona desafetos com a equipe do dominical e faz questão de ostentar os luxos da sociedade carioca.

Ana Maria Braga também estava perdendo pontos preciosos para os companheiros Brito Jr., Ana Hickman e Edu Guedes, do “Hoje em Dia”, da Record. A solução foi incrementar o “Mais Você” com a seleção de participantes para o Big Brother. Uma tática arriscada, uma vez que a cada ano o programa torna-se mais previsível. A fórmula é bem simples: 14 participantes confinados em uma casa, correndo atrás de um milhão de reais, enquanto o brasileiro ainda se mata por um salário mínimo. Paciência que dura até meados de abril.

Nesta história toda, a Band é a única emissora que utiliza armas justas para a disputa. Ao invés de copiar as idéias alheias, o forte em sua programação é investir no jornalismo e na cobertura esportiva. Já a Rede TV está lá, mas pelo visto ainda ninguém notou que ela existe.

Assim sendo, o panorama não é muito otimista para 2008. A política do “Pão e Circo” persiste calando milhões de telespectadores que são alimentados e entretidos com a mais chula das programações. Bom, pelo menos deste modo, segundo os romanos, os problemas da vida são deixados de lado, diminuindo as chances de revolta. Mas isto é tema para outro post.

Pérolas Socias que saem nos jornais (por Raphael Paradella)




Matéria publicada no jornal O Globo de 06/12/07


Transcrição da matéria


Nova polêmica das marcas

Calçadista quer processar Vale, mas não tem logotipo registrado

Paola de Moura

Depois de prever um investimento de US$50 milhões para divulgar sua nova marca, a Vale se deparou com uma ameaça de processo judicial de uma pequena empresa de calçados de Franca, a Vitelli. A indústria anunciou que entraria com uma ação contra a mineradora por semelhança de logomarcas. Mas a ameaça pode ser vazia. Uma rápida pesquisa no banco de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) mostra que, apesar de o pedido de registro ter sido feito há cinco anos, a marca da Vitelli ainda não foi aceita oficialmente, porque há registro de outra marca Vitelli do setor de calçados no órgão. Além disso, segundo especialistas do instituto, as atividades fins da Vale e da Vitelli são distintas. Quando os técnicos do INPI analisam um pedido de registro, olham não somente o nome, mas o design da marca e até como ela soa verbalmente. Normalmente são rejeitadas quando são consideradas de setores afins. As duas logomarcas têm formato de cone e o verde predominante. A nova marca da Vale foi lançada dia 29 e criada pela empresa americana Lippincott Mercer e por sua parceira no Brasil, a Cauduro Martino. Especialistas enxergaram semelhanças entre as marcas da Vale e do banco ABN Amro Real. Também foi a dupla Lippincott Mercer e Cauduro Martino que desenvolveu o logotipo do Banco Real, em 1998, após a venda para o holandês ABN. O logotipo foi estendido ao ABN no mundo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Pérolas Sociais que saem nos Jornais (por Raphael Paradella)

Matéria divulgada pelo jornal "Hoje em Dia" de 14/12/2004

Moda: uma questão de economia, personalidade ou futilidade?! (por Raphael Paradella)



Dizem que a arte é a expressão dos sentimentos do artista. Sendo assim, por que considerar a moda como futilidade, se a forma de se vestir e de se comportar é uma manifestação particular que identifica o indivíduos como integrante de uma certa época, de um certo grupo social, de uma certa profissão, dentre outras particularidades. Se fosse assim, qualquer tipo de manifestação cultural seria considerada como algo sem grandes valores. "Se uma pessoa quer saber a identidade de um povo, pode notar seus costumes, roupas e sua comida. A moda define a identidade de um povo", afirmou o estilista brasileiro Ronaldo Fraga, formado em estilismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pós-graduado em renomadas escolas de moda de Londres e Nova York.


Os Homens a princípio se cobriam com peles e folhas para se protegerem do clima, e com o decorrer do tempo essa proteção foi se tornando cada vez mais sinônimo de poder e status, assim como meio de comunicação do indivíduo com o mundo. Na época Bizantina, por exemplo, dava-se valor às roupas na cor roxa, pois estas derivavam de um pigmento muito raro que só a nobreza tinha condições em adquirir. Já os mais pobres usavam roupas na cor azul, feita com úréia, por isso era de fácil acesso. Nos dias atuais, a roupa muitas vezes ainda está associada pradigma de status, mas o mercado atual da moda prova que cada vez mais as pessoas têm a liberdade de escolherem o que mais combina com seu estilo, independente de classe social. Os exageros atingem muita gente que gasta riquezas como objetivo de "estar bem vestida", quando na verdade, vestir-se bem dispensa quantias fabulosas. Afinal, quem nunca se pegou revirando os baús dos avós, ou até mesmo em brechós, procurando assessorios que podem ser adaptados à sua identidade visual?!


A moda hoje é despadronizada (diferente da produção em massa da década de 50) e oferece através de um amplo leque de modelos e versões, infinitas escolhas que nos possibilitam retirar elementos de um determinado "modelo" e encorporá-los em nossa própria natureza. Resumindo, o império da moda, caminha pra longe da uniformização dos comportamentos e ao lado da personalização dos indivíduos.



Uma questão de cultura


Na forma de vestir é que ficam claros os estilos, as etnias, personalidades, modo de pensar e viver. As roupas também serviram, durante anos, como esteriorização do viver de cada um, por exemplo, na década de 60 e 70 os hippies transmitiam toda a paz e amor por cores alegres e estampas floridas, demonstrando sensibilidade, romantismo, descontração e bom humor. A arte e técnica do vestuário foi aperfeiçoada com o tempo, fazendo com que o mercado de trabalho se tornasse cada vez mais amplo, dando oportunidade de emprego a milhares de pessoas nesse setor e movimentando a economia mudial.

Está mais do que na hora das pessoas entenderem que um setor que movimenta milhões, em qualquer unidade monetária, e que cresce cada vez mais em proporções internacionais, não pode ser denominado banal. A indústria da moda inclui, mais do que meninas bonitas e anoréxicas servindo de cabide, mas sim uma grande diversidade de atividades econômicas, que vai da criação de modelos de roupa (design de moda) personalizados ou produção de vestuário em série, até programadores visuais e especilistas de marketing. Nas modernas sociedades consumistas, em que vivemos atualmente, esta indústria constitui um fenômeno complexo e de grande importância, tanto a nível da psicologia social como a nível econômico.


A moda é um segmento em ascenção, como o exemplo do mercado nacional. Com as mudanças nas leis de importação/exportação, o Brasil teve seus maquinários da industria têxtil, bem como de outros setores, totalmente reformados para atender à demanda. As marcas e estilistas ganharam espaço na mídia quando o consagrado São Paulo Fashion Week têm os desfiles transmitidos ao vivo pelos canais de TV a Cabo e pela internet, além de ser destaque em revistas e jornais. "A moda gera empregos, movimenta mercados e revela profissionais. Nos últimos seis anos o Brasil firmou sua identidade na moda e as pessoas passaram a notar que ela pode e deve ser aprendida na escola, como uma formação superior", confirmou Ronaldo Fraga em sua aula inaugural do curso superior de moda da Centro Universitário Jaraguá do Sul (Unerj). Isto, inclui todo tipo de profissional que de alguma forma está envolvido no mundinho fashion, que de pequeno e restrito não tem nada.


Além disso, o setor "modelístico" se enquadra perfeitamente nos padrões de vida de uma sociedade de consumo como a nossa, afinal o que são os desfiles de moda, se não uma belíssima jogada de marketing. Não é exagero, pois cada assessório apresentado está munido de todo um simbolismo, dado pela ambientação do local, estilo musical, cores e formas, visando atender os desejos do público alvo. Isso se reflete também nas vitrines de shoppings, nos catálogos, nas revistas, nos outdoors etc. A moda funciona como um veículo de comunicação tão poderoso, que é capaz até mesmo de realizar campanhas solidárias, como as camisetas do câncer de mama, e em alguns casos arrecadar mais do que, por exemplo, um show beneficente.

Do Baú das Traças (por Luiz Otávio Tal)


Com o intuito de discutir e resgatar filmes que tiveram uma linguagem única dentro do cinema recente, criei esta coluna para que, de tempos em tempos, possamos analisar com mais calma e cautela a estética de diretores renomados. Muita coisa falsa é vendida nas campanhas de divulgação de qualquer filme, portanto, rediscutir uma obra é ponderar aquilo que de fato ecoou através do tempo.

Na estréia da coluna uma comparação estética entre os filmes de Mike Nichols.


Teatro no Cinema

O Cinema sabe como poucos entreter e divertir – acredito que apenas a televisão o supere neste sentido. Entramos numa sala escura e ficamos estatelados com todas aquelas imagens e sons, que parece nos sugar para dentro da tela. O problema é que depois de duas horas de projeção o filme acaba e voltamos para nossa vida medíocre. É esta a função do cinema? Bom, se levarmos em conta boa parte da produção apresentada atualmente, não teremos dúvidas de que a indústria cinematográfica visa unicamente nos entreter com fórmulas ultrapassadas e previsíveis. Contudo, ainda é possível encontrar um cinema capaz de atingir a alma do espectador, falando de segredos tão íntimos, que só estando imerso na trama para compreendê-los. Neste sentido, a estética de Mike Nichols tem se aprimorado ao longo dos anos ao propor um mergulho muito mais profundo, indo além daquilo que, aparentemente, é nos dado.

Esta característica do diretor se dá graças a sua experiência nos palcos como diretor teatral. Seus filmes são dotados de uma angústia incomum ao mesmo tempo em que são pontuados por um humor negro afiado. É isto o que se percebe em “Closer – Perto Demais” (2004), um olhar intimista na vida de dois casais que se envolvem num jogo de traições em que ninguém sabe ao certo a verdade sobre o outro. São quatro estranhos que julgam se conhecer.

O filme começa com a imagem de Alice (Natalie Portman), uma stripper, caminhando com o olhar perdido em meio à multidão de transeuntes na rua. Acompanhando Alice, a câmera se movimenta freneticamente, criando uma certa tensão, logo percebida pelo espectador. Do outro lado encontra-se Dan (Jude Law), um escritor insignificante, que caminha em sentido contrário. Um encontro, como insinua a objetiva, é inevitável. Mas é claro que esta colisão não terá intensidade. Por mais tempo que se passe, mais se encontrarão distanciados Dan e Alice, como que caminhando entre estranhos pelas ruas de Londres.

O título nacional, Perto Demais, seria uma ironia. Os personagens acreditam estarem tão próximos uns dos outros, que são incapazes de enxergar a verdade, que só vem à tona com a entrada em cena de um outro casal. A fotógrafa Anna (Julia Roberts), sente forte atração por Dan, contudo prefere barrar este sentimento e se entregar ao médico Larry (Clive Owen). O romance só é verdadeiro da parte dele, mas mesmo assim ela insiste, o que acaba gerando o clímax do longa.

Dan, Alice, Larry, Anna... Todos se envolvem em um ciclo de agressões mútuas que acabam deflagrando a verdade: tudo apresentado aos olhos do espectador é uma mentira, todas as emoções são forjadas. O filme em si é um paradoxo. Os diálogos fortes, carregado de palavrões, é a única intimidade compartilhada pelos personagens. No fim volta-se ao ponto de partida: cada qual como estranho caminhando por entre iguais.

O filme é um soco no cérebro de quem o assiste, contudo não é a primeira vez que Nichols leva às telas a intimidade de casais. Logo em sua estréia na telona, adaptou a peça teatral de Edward Albee, “Quem Tem Medo de Virginia Woolf” (1966), este mais intenso do que Closer. Dois anos depois, o diretor realizou o clássico “A Primeira Noite de Um Homem” (1968), imortalizando Anne Bancroft na pele de Mrs. Robinson. Aqui a tensão é maior por se tratar de um triângulo amoroso.

Enfim, quando se fala em Mike Nichols, pensa-se em cinema de qualidade. Seus filmes, de um modo geral, estão recheados de segredos que vão sendo revelados aos poucos. No fim, como não poderia deixar de ser, todos estão mudados (numa boa peça nunca os personagens terminam da mesma forma que começaram). Os segredos já foram revelados e eles não têm mais com o que se defender. Tudo é uma sensação de desconforto. Ao mesmo tempo em que eles descobrem que apenas se possuem e que todas as mentiras foram criadas para que permanecessem inseparáveis.

O Fator X (por Raphael Paradella)


Qual administrador de empresas nunca sonhou em “receber telefonemas inesperados de novos clientes”, ao invés de buscá-los? Ou quem sabe estabelecer “um acordo trabalhista de quinze anos com ganhos de produtividade na casa dos dois dígitos”? Simples mudanças na maneira de encarar as coisas e de adotar posturas empresariais podem alavancar resultados extraordinários. Pensando nisso, “O Fator X”, de Ross R. Reck, sem duvida é uma literatura essencial para os administradores que querem mais do que “sobreviver num mercado competitivo”.

Phil Ross, um gerente competente com o sonho de se tornar um dia presidente da companhia em que trabalha, que mesmo participando de workshops, congressos, lendo revistas especializadas ainda não compreende o significado da administração de empresas. Contudo, o personagem não busca por respostas simplórias e nem traduções literais do termo, mas sim por um sistema de gestão que realmente faça a diferença.

Ao realizar uma pesquisa com consultores administrativos Phil se depara com a mesma frustração ao receber respostas vagas e que não dão conta de suas indagações internas. Contudo, em uma noite, ao assistir o noticiário se deparou com uma entrevista com um empresário chamado Sam Wharton que conseguiu tirar a empresa da eminente falência e colocá-la bem posicionada no mercado, por meio do “Fator X”. A partir disso, Phil busca encontrar-se com Sam e desvendar os “segredos” do “Fator X”.

Por meio de uma parábola de fácil leitura e de exemplos cotidianos, Ross Reck apresenta um novo sistema de gestão baseado no relacionamento e na superação de expectativas das pessoas envolvidas no processo produtivo (desde colaboradores até clientes). É um estímulo à mudança de postura dos gestores, que muitas vezes ainda estão atrelados a antiga ordem de mercado em que “eu mando e eles trabalham, eu vendo e recebo o lucro”. O sistema proposto é uma visão mais humanista do processo que envolve fatores psicossomáticos iseridos em uma rede de produção integrada e sintonizada nos mesmos objetivos. Enfim, o livro busca mostrar “como extrair resultados extraordinários de pessoas comuns”.


PS: Ross R. Reck obteve seu Ph.D. pela Michigan University em 1977. Entre 1975 e 1985 foi professor de Administração na Arizona Satate University, época em que recebeu importantes prêmios de excelência no ensino. Depois de deixar a universidade, tornou-se autor, consulto e palestrante de renome internacional. Entre seus clientes estão empresas e organizações como a hewlett-packard, a American Express e a Xerox.
(mini currículo retirado do próprio livro).

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Brasil Rumo ao Oscar (por Luiz Otávio Tal)



Esta semana a A.M.P.A.S., Academia das Ciências e das Artes Cinematográficas, mais conhecida como Oscar, divulgou a lista dos nove finalistas para a categoria de melhor filme estrangeiro. A surpresa foi a ausência de filmes tidos como favoritos pelos críticos, o que aumenta as chances do Brasil na disputa com o longa de Cao Hamburger, “O Ano que Meus Pais Saíram de Férias”.

Ficaram de fora a animação francesa “Persépolis”, de Marjane Strapi, adaptação da HQ da autora sobre os costumes islâmicos, o romeno “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" de Cristian Mungiu, que narra o drama de duas mulheres em paralelo a queda do comunismo e o espanhol “O Orfanato” de Juan Antonio Bayona, suspense que conta com a produção do badalado Guillhermo del Toro (O Labirinto do Fauno).

O fato é que dessa vez os críticos erraram em suas previsões, mesmo tendo Jacqueline Bisset, membra da Academia, ter declarado que adorou o filme brasileiro e que ele tinha grandes chances de ser indicado. O buzz em cima das outras grandes produções mundiais fez com que “O Ano que Meus Pais Saíram de Férias” fosse esquecido até mesmo pelos brasileiros, que lotaram as salas de cinema no país para verem Capitão Nascimento e sua trupe em “Tropa de Elite”, de José Padilha.

Considerando os vencedores desta categoria nos últimos anos, o filme de Hamburger sai na frente. Com uma estética argentina-européia, temas como judaísmo, busca de identidade e conflitos políticos permeiam a trama. “As férias” do título se referem ao período em que um garoto passa a ser criado pelos avós, enquanto os pais sofrem com as perseguições políticas.

Nove anos depois de “Central do Brasil” ter sido indicado na categoria, o Brasil está mais perto de uma nova indicação e quiçá uma possível vitória. O anúncio dos indicados ao Oscar acontece no próximo dia 22 de janeiro e a cerimônia está prevista para ser transmitida no dia 24 de fevereiro, se o sindicato dos roteiristas permitirem.

Segue a lista dos filmes pré-selecionados:

“The Counterfeiters” (Austria)

“The Year My Parents Went on Vacation” (Brasil)

“Days of Darkness” (Canada)

“Beaufort” (Israel)

“The Unknown” (Italia)

“Mongol” (Cazaquistão)

“Katyn” (Polônia)

12” (Russia)

“The Trap” (Sérvia)

O Sexo no Papel (por Luiz Otávio Tal)


A estação mais quente do ano, além do sol, mar e dos corpos sarados desfilando nas areias, trás também as mudanças inesperadas de temperatura. Fenômenos já manjados, como o “La Niña”, influenciam todo o clima tropical e despeja em terras tupiniquins uma incidência de chuvas fora do comum, provocando enchentes e acidentes ecológicos. E é neste clima de inconstância térmica, que os leitores da revista Playboy recebem a edição de janeiro.

Há cerca de dois anos a desculpa foi lançada pelos editores da revista e, embora não tenha convencido, já é a resposta padrão: “janeiro é um mês morto”. No entanto, este mês moribundo já conheceu dias melhores. O problema não está em colocar uma desconhecida na capa, mas sim em falta de honestidade. Seria muito mais justo para com o leitor uma coelhinha como estrela, intitulada musa do verão, como acontecia há dez anos atrás, do que um gancho que desmereça os 33 anos da publicação. Anelize Lopes (janeiro de 96), Paula Melissa (janeiro de 97) e Solange Frazão (janeiro de 99), contudo, viraram lenda em meio ao mundo comercial. Tudo isto sem desmerecer a beleza da morena Letícia Carlos, que é a típica brasileira, um violão digno de se dedilhar as melhores melodias. Original de fábrica, a morenaça tem tudo no lugar: uma bunda capaz de deixar sóbrio o mais embriagado dos alcoólatras, seios na medida exata como se apontassem para o horizonte e uma depilação generosa para aqueles que reclamaram do recato nas poses de Juliana Knust.

O grande problema está justamente no modo como Letícia foi apresentada aos leitores. Logo na chamada de capa a primeira decepção: “Letícia, a namorada que todo craque queria”. Ora, já não fazem mulheres como antigamente. A moça se sujeitou a um título tão medíocre que se vangloria em ser mais uma “maria-chuteira”. E mesmo neste caso ainda há controvérsias, uma vez que o jogador em questão é conhecido por não gostar da fruta. Teria sido muito mais honesto alçá-la ao posto de musa do verão, mesmo tendo no currículo este curioso affair.

Em termos técnicos o ensaio surpreende pela beleza, começando logo pela capa. As fontes não incomodam e o fundo branco serve para realçar ainda mais a beleza da morena, ao mesmo tempo em que presta uma homenagem à revista dos anos 80. Mérito também do fotógrafo J.R. Duran, que parece estar inspirado neste ano de 2008. A única exceção é a foto em que Letícia segura um troféu embaixo das pernas. Uma foto de extremo mau gosto e que não transmite nenhuma sensualidade. Destaco também o cuidado com as locações de Bruno Geraldini. A escolha de um hotel desativado, logo rústico, contrasta muito bem com o biótipo da modelo. As fotos prediletas são as da página 81, em que a moça engatinha completamente nua sob um emaranhado de colchões, e a da página 85, muito parecida com uma do ensaio da Tiazinha (Março de 99) em virtude da peruca fake.

A propósito, uma edição genuinamente brasileira, com mais duas modelos nacionais nos ensaios internos: a gaúcha Jéssica Borges, que já havia sido coelhinha na edição de novembro de 2002 e a pernambucana Sasckya Porto, descoberta por Hugh Hefner.

Tantas mulheres e o grande mérito da edição, no entanto, foi parar nas mãos das matérias e entrevistas, começando pelo grande bate-papo com Martinho da Vila. De cigarro na mão, camisa desabotoada e aquele sorriso característico, o sambista é de uma franqueza ímpar ao longo de sete páginas. Confessa o descontentamento com as escolas de samba, que estão a cada ano mais comerciais, optando pelo previsível ao invés de valorizarem a originalidade do passado, e também não se mostra hipócrita ao falar de desafetos no mundo da música, casos com bebida e em admitir que, mesmo insatisfeito com o samba pode aparecer na avenida em fevereiro, afinal de contas “todo malandro é malandro e todo mané é mané”.

Entre os artigos e reportagens me rendo mais uma vez ao texto hipnótico de Ivan Lessa. Apesar de ser a coluna com o menor índice de leitura da publicação, é a primeira que leio todos os meses. Outro dia até comentei numa mesa de bar, entre uma cerveja e outra, que estou ficando cada dia mais sarcástico graças ao mestre Ivan. Jornalista, ele vê o mundo a partir de Londres, enquanto eu ainda vejo o mundo por meio do próprio umbigo. No entanto, um dia chego lá.

Apesar de um grande mico, publicarem uma matéria sobre o rali Paris-Dacar em um ano que o torneio foi cancelado, a retrospectiva 2007 é de encher os olhos. Desde o design caprichoso de Thaís dos Anjos à grande sacada de ironizar Latino e Fani – num ano de vacas magras eis os destaques – como colunistas. Em suma, o bom humor é fundamental para relembrarmos momentos que não são dos mais agradáveis: corrupto que se vangloria da impunidade, um presidente que faz cartilha de sua ignorância, um folhetim que apela para o sensacionalismo barato a fim de incrementar a audiência, dentre tantos outros problemas. Esse é o Brasil e como diria todo filho da pátria, para não dizer outra coisa, vai indo.

Por fim, vale lembrar o que a taróloga, Fátyma de Moraes, profetizou na página 30 da seção “Happy Hour”: “A Rainha de Espadas mostra uma atriz soberana e estrategista, que mudará de planos e irá aceitar o convite em 2008. Propostas já foram efetuadas e não aceitas. O contrato será assinado em abril”. Pois então, cruzem os dedos amiguinhos...

No próximo mês respiro aliviado com Mônica Carvalho na capa. Até lá!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Carpe Dien (por Raphael Paradella)


Praia, sol, calor, festas e corpos a mostra... chegou o verão. Todo mundo adora esse período do ano em que o sol se reafirma como o astro rei. Contudo, e notável o sofrimento que antecede a estação, não pelo frio, mas pela busca do “corpo perfeito”. Fator que acaba por provocar uma literal correria nas academias de ginástica. Segundo o Diário Online a busca por programas de exercícios cresce cerca de 20% a 50% de outubro a março.

Vivemos atualmente em uma sociedade em que o culto ao corpo se torna praticamente inevitável. Alteres e barras norteiam os pensamentos masculinos, enquanto a eterna luta contra as celulites ganha grandes proporções entre as mulheres. Entende-se ser intrínseca ao ser humano a necessidade de pertencimento social, contudo, o que vemos é um medo exacerbado de se cair nas “más línguas”.

Aparentemente, o olhar de outras pessoas vale mais do que o auto-reflexo positivo que existe no ser. Fator este que se esconde atrás de expressões demagogas do tipo: “Tenho noção de que não posso colocar um biquíni”. Que embora a princípio pareça uma atitude louvável e de bom senso, acaba por reforçar uma auto-restrição e um preconceito social em relação aos que adotam tal postura. Afinal quantas vezes ouvimos frases do tipo: “Olha o corpo daquela mulher, como ela pode usar esse biquíni”, que precede ou antecede a citação anterior.

Estamos diante de uma cadeia invisível em que para o “corpo perfeito” quase tudo e permitido enquanto a restrição invade a vida dos pobres mortais. É hora de começarmos a viver sem se importar tanto com as aparências, que muitas vezes enganam nossos olhos, e começarmos a curtir a vida como ela merece ser vivida. A música de Lulu Santos reflete muito esse pensamento de liberdade interior afinal, “deixe que digam, que pensem, que falem. Deixe isso pra lá, vem pra cá, o que e que tem?”.

A auto-aceitação é o primeiro passo para curtir a estação mais esperada do ano.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Da escrita ao Digital (por Luiz Otávio Tal)


A ecrita nasceu da necessidade que o homem tinha em desafiar a natureza. Desde sempre, ele procurava caminhos que o libertassem dos arreios impostos pelo ambiente natural. Assim, existe uma continuidade ligando o domínio do fogo, a invenção da lâmpada e o advento da televisão e do computador.

O digital, então, nada mais é do que uma evolução da escrita. Ao ler o receptor transpassa o texto a fim de torná-lo coerente à sua realidade, uma vez que o conteúdo textual tende a ganhar forma sob diferentes perspectivas, em que cada indivíduo o conecta a signos particulares. A leitura não possui o domínio sobre o "eu", atuando somente como um mecanismo de reativação das mensagens. Do mesmo modo, se processa o hipertexto, que nada mais é do que uma evolução do modo de organizar a leitura, redefinindo a cognição. A grande diferença é que as redes digitais alargam a agama de signos disponíveis, movimentando o texto e agilizando sua efemeridade. A saída, então, não é entender as vantagens e desvantagens do meio, mas seim procurar enxergar o que está além.