Editor da revista Playboy desde abril de 2006. Acumula passagens pela revista Sexy e VIP, além de ser autor de HQs.
Fiquei. Apesar de ter trabalhado na Vip por cinco anos, naquela época eu estava dirigindo a concorrente, Sexy, e é raro que a editora Abril busque profissionais na concorrência. Embora o trabalho na Sexy tenha sido muito bom, pois a revista ganhou vendagem e share, batendo três vezes a Playboy nas bancas (algo inédito na história das duas revistas), eu fiquei surpreso. Não esperava o convite.
Não houve dificuldade, pois eu sempre tive a percepção de que a Playboy e a Sexy eram revistas completamente diferentes, embora estivessem no mesmo segmento de mercado.
Acho que não. A não ser pelo fato de que eu conheço bem os cartunistas da Playboy nos Estados Unidos. Foi por isso que publiquei Dirty Duck, Gahan Wilson e Aninha Bonita e Gostosa no Mundo de Playboy.
Isso se deve à maneira como a Abril fez a revista nesses 32 anos. De fato, a Playboy brasileira continuou (e continua) fiel à filosofia de Hugh Hefner. Basicamente o que Hefner prega é que a Playboy não é uma revista de mulher pelada, mas sim uma revista de estilo de vida.
Nunca, porque eu jamais faria um ensaio apelativo ou pornográfico.
Já, claro, inúmeras. Se bem que, quando você tem um conteúdo jornalístico de qualidade, você ganha certa liberdade para ser mais ousado. Mas há um limite tênue, não-escrito, sobre até onde se deve ir.
Levamos em consideração o grau de exposição na mídia, a “gostosura” e o nosso Plano Operacional (no começo do ano montamos um plano que especifica valores de cachês, expectativa de venda e lucro presumido).
Uma dezena delas: Camila Pitanga, Ana Paula Arósio, Cléo Pires, etc. A lista é longa.
Porque apesar de o Brasil ser um país miscigenado, não existem muitas estrelas negras nas novelas e programas de TV. Quantas, de fato, têm papel de destaque? Muito poucas. Nós estamos muito longe de termos, no Brasil, atrizes ou cantoras negras com o destaque de uma Beyoncé ou de uma Halle Berry, por exemplo.
A brasileira é melhor, tem mais peso editorial, entrevistas mais sólidas e é mais respeitada. Além disso, não é uma top shelf magazine, ou seja, é muito bem posicionada no centro da banca, enquanto a Playboy nos Estados Unidos fica ao lado da Penthouse ou da Hustler. Como eu disse antes, isso acontece porque a publicação no Brasil é mais fiel aos princípios de Hefner do que a própria edição americana.
Varia muito, mas dá pra comprar algumas dezenas de Big Macs.
Atrapalha, mas não há o que fazer. Eles escrevem o que bem entendem, fazem jornalismo de ficção.
Eu, particularmente, gosto muito do ensaio da Adriane Galisteu na Grécia, que considero o melhor já feito pela revista. Também gosto das fotos de Mylla Christie e da matéria com Flávia Alessandra. O último já na minha gestão.
Várias delas. Teve a primeira do FHC onde ele dizia que havia fumado maconha. A do Ayrton Senna. Um dos aspectos que resgatamos na Playboy atual foi justamente a entrevista, que voltou a ter personagens de peso.
O leitor da Playboy tem entre 25 e 35 anos, é urbano, de classe média e gosta das boas coisas que a vida oferece.
Acredito que não. O período de censura foi muito pequeno na história da revista. O bom conteúdo jornalístico se deve aos diretores de redação que conduziram à revista nesses 32 anos.
Não sei se era “medo”. O feminismo era um tema pertinente naquele momento e a revista refletia isso.
O desafio é ser bem sucedido na vida pessoal e profissional. Isso não mudou muito. Mudou o papel da mulher na sociedade, mas isso vem mudando ao longo de 5 décadas (estou usando como marco zero os anos 60, embora isso não seja muito preciso), então é uma acomodação natural. Na essência, mudou muito pouco.
Os textos ficaram menores e mais objetivos. O desenho gráfico evoluiu e mudou bastante. O tamanho da revista também mudou (perdeu altura), embora isso não seja perceptível numa olhadela apressada. Mas a revista, em essência, é a mesma. O mix de matérias é praticamente igual e a escolha das capas segue a mesma lógica.
Desconheço essas histórias. Acho difícil que tenham sido censuradas, pois já não existia mais censura no país.
Tudo é editorial, inclusive a escolha da modelo de capa, que também deve ser jornalística. Por exemplo: a capa com a bandeirinha Ana Paula é uma escolha jornalística e isso explica o êxito que obtivemos na vendagem.
Grande editor. Foi o cara que construiu os alicerces da Playboy brasileira. A revista que ele fez é referência até hoje.
A crise foi do país, não da revista. Juca fez o melhor que pôde com o orçamento que tinha
Em primeiro lugar à economia sem inflação e ao real forte. Em segundo, ao preço de capa (6 reais), muito mais baixo do que hoje
Naquela época se acreditava que a revista precisava se popularizar para sobreviver, pois havia uma percepção de que o público da Playboy estava envelhecendo. Também há a questão do zeitgeist: as revistas que mais faziam sucesso na época eram as inglesas como Maxim, FHM, Loaded (e, no Brasil, a VIP – a VIP daquela época, não a de agora). Essas revistas eram mais molecas, mais atrevidas e mais pop. A Playboy passou a usá-las como referencial.
Rodrigo Velloso foi meu antecessor e também concorrente, já que na época eu estava na Sexy. Prefiro não comentar a gestão dele.
Não tem segredo: baixa densidade populacional e baixo índice de leitura.
Esse número ainda não é representativo. Menos de 10% dos leitores são mulheres. Esse índice permanece inalterado desde os anos 80.
Fundamental. A revista precisa também desta receita.
Em termos editoriais, a Playboy faz um movimento que é back to basics, ou seja, uma volta às grandes reportagens, bons textos, entrevistas sólidas, excelentes ensaios. Estamos mirando num leitor que gosta de ler e não apenas de ver as fotos, pois as imagens estão todas de graça na Internet e não há o que possamos fazer para impedir isso. A estratégia está dando certo. As vendas estão subindo depois de 5 anos de queda e o número de assinantes também. Criamos algumas edições temáticas que vão pontuar o ano: gastronomia (abril e novembro), música (setembro) e retrospectiva/humor (janeiro). Vamos ter pelo menos mais uma temática no ano que vem. O desenho da revista está mais moderno e maduro. Os especiais foram todos reformulados e a idéia é trabalhar em todos os segmentos do mercado: os especiais com fotos, os DVDs e os dois Mundo de Playboy, que são nossas edições premium. Se tudo correr bem até dezembro, vamos tentar ganhar mais páginas no ano que vem.
Um comentário:
Como era bobo o Senhor Edson....O Norte tem vida inteligente e é mais cosmopolita do que ele imaginava,nao compravam Playboy pq simplesmente a revista não despertava interesse,estrelas de capa sem tanta importância,atraso nas assinaturas entre outros....Essa mentalidade tacanha que ajudou a Playboy à encerrar a parceiria com a Editora Abril. Ainda bem que Sanseverino existe.Deu glamour à revista,coisa que ja nao havia desde Ricardo Setti......
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